Em uma semana importante para o bolsonarismo, milhares de pessoas foram às ruas no domingo (7) para demonstrar apoio ao ex-presidente e pedir anistia aos condenados pelos ataques de 8 de Janeiro. Nesta sexta-feira (12), está previsto o final do julgamento de Jair Bolsonaro (PL) e outros sete réus acusados de tentativa de golpe de Estado e outros crimes relacionados.
No monitoramento em tempo real da Palver em mais de 100 mil grupos públicos de WhatsApp e Telegram, os primeiros dias de julgamento foram marcados por uma participação ativa dos usuários tanto nos grupos de direita como nos ligados mais à esquerda. No entanto, o julgamento não furou a bolha, ou seja, não foi discutido naqueles grupos que não costumam falar de política.
Nos grupos de direita, os usuários dividiram a atenção falando sobre o julgamento, acusando o STF e os ministros de perseguição política, e incentivando a participação da população nas manifestações do 7 de Setembro.
Ao longo da semana passada, os bolsonaristas promoveram a campanha “Reaja Brasil —7 de setembro”, tendo como principal motivação a defesa da liberdade, materializada no pedido por anistia aos que estão presos pelos ataques de 8 de Janeiro, ao ex-presidente e aos demais réus.
Apesar de as festividades do dia 7 de Setembro representarem a Independência do Brasil, os manifestantes pró-Bolsonaro não hesitaram em exibir bandeiras dos Estados Unidos e Israel por todo o país. Em São Paulo, na avenida Paulista, uma bandeira americana gigante foi posicionada em frente ao Masp.
Nos grupos de mensageria analisados pela Palver, a intervenção estrangeira é esperada pelos usuários, principalmente em uma eventual decisão que condene o ex-presidente Jair Bolsonaro ao regime fechado.
Em contraponto, o governo Lula fez uso da campanha “Brasil Soberano” para marcar o desfile cívico-militar do 7 de setembro. O slogan fez sucesso entre os usuários do WhatsApp que compartilharam imagens e vídeos com a frase em destaque. O desfile também serviu para que os apoiadores do presidente Lula entoassem cantos contra a anistia e em defesa da democracia.
Nos grupos de direita, foram compartilhados vídeos editados procurando comparar as festividades organizadas durante o governo Bolsonaro com o desfile deste domingo, enfatizando que Lula não contaria com apoio popular.
Com a bandeira americana em destaque na avenida Paulista, houve muita expectativa para o discurso do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos). Enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, assistia à final do US Open em Nova York, Tarcísio fazia um discurso inflamado a favor da anistia de Bolsonaro e com fortes críticas a Alexandre de Moraes. A fala reverberou nos grupos de WhatsApp.
Aproximadamente 60% das mensagens sobre Tarcísio foram negativas. Nos grupos de esquerda, a crítica se deu pela fala em favor da anistia. Os usuários ainda o acusaram de obstrução da Justiça e de que sua máscara de político moderado não poderia mais ser utilizada.
Já na direita bolsonarista, o discurso de Tarcísio foi visto com desconfiança, e os mais radicais o chamam de potencial traidor de Bolsonaro. O apoio explícito ao governador foi de aproximadamente 4% das mensagens.
Em uma semana crucial ao bolsonarismo, ainda resta saber quais serão os movimentos do campo político, principalmente com relação ao projeto da anistia. Lula está forçando a movimentação de Tarcísio, que por sua vez faz movimentos calculados para atrair apoio do bolsonarismo tentando evitar a rejeição. Ainda é preciso considerar uma possível ação dos Estados Unidos.
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