Um estudo canadense constatou um triste fato, de cuja ocorrência eu já desconfiava há algum tempo: comer laticínios à noite pode causar pesadelos.
A pesquisa, descrita pela Deutsche Welle em artigo replicado pela Folha, leva-nos à conclusão de que o hábito de comer pizza no jantar é um erro descomunal. E agora, São Paulo? Vamos mudar uma tradição secular ou continuaremos acordando de sobressalto no meio da madrugada?
O fenômeno tem a ver com a intolerância à lactose, sacarídeo de difícil digestão para um mundaréu de gente, nos mais variados graus. O desconforto físico, percebido pelo cérebro adormecido, se traduz em sonhos igualmente desagradáveis.
Algo bastante intuitivo, mas que apenas agora foi demonstrado cientificamente.
Eu sou daqueles que sofrem, mas não se emendam. Toda hora durmo mal por causa do cardápio do jantar. E é algo que piora com a idade –jovens, fiquem avisados.
Do ponto de vista da cultura alimentar, seria mais inteligente transferir a pizza para a hora do almoço. A medicina e a sabedoria popular, desde sempre, nos dizem para comer apenas algo muito leve antes de dormir.
Não acontecerá.
Apenas as pessoas muito disciplinadas e frugais conseguem seguir essa rotina: uma tigela de sopa rala, uma fruta e bora pra caminha.
A gastronomia nos leva pelo caminho oposto. O jantar é o teatro máximo dos exageros alimentares. É nele que as pessoas se entregam à autoindulgência, ao “eu mereço”, ao “amanhã a gente vê isso”.
No que diz respeito aos laticínios, a noite também é quando acontecem a festa do queijo e vinho, o fondue. E aquele copão de leite morno para quem está com dificuldade para pegar no sono.
Um alento para os fãs de pizza: as coberturas sem queijo, bastante óbvio, não despertam a intolerância à lactose. Então pode comer pizza de atum, de aliche, de calabresa. Calabresa paulistana, só com linguiça e cebola. Não aquela do Rio, que leva muçarela.
Cariocas pesadelos terão.
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