A Amazon pagará de US$ 20 milhões (R$ 112 milhões) a US$ 25 milhões (R$ 117 milhões) por ano ao The New York Times para treinar sua IA (Inteligência Artificial) com reportagens do jornal, revelam fontes do The Wall Street Journal.
Segundo a reportagem, o pagamento da Amazon equivale a quase 1% da receita total do Times em 2024. É a primeira vez que o jornal permitirá o uso de seus textos para treinar modelos de inteligência artificial de uma empresa de tecnologia.
O contrato autoriza o uso de resumos e trechos curtos de reportagens e receitas culinárias em produtos da Amazon. Por exemplo, a big tech pode usar o material para treinar modelos de IA e apresentar resumos e pequenos trechos do conteúdo do Times em serviços como a Alexa.
O acordo reflete a mudança na relação entre jornais e big techs com a popularização da inteligência artificial e o impacto disso no consumo de informações online.
Empresas de mídia vêm demonstrando crescente preocupação com o uso não autorizado de seus conteúdos por modelos de IA generativa —que conseguem produzir textos, imagens e códigos em segundos com aparência humana.
O acordo foi anunciado em maio. Em memorando interno enviado aos funcionários à época, a CEO do jornal, Meredith Kopit Levien, afirmou que o contrato com a Amazon está alinhado com “nosso princípio histórico de que jornalismo de qualidade tem valor e deve ser remunerado”.
“Este acordo reflete nossa abordagem deliberada para garantir que nosso trabalho seja devidamente valorizado, seja por meio de parcerias comerciais ou da proteção dos nossos direitos de propriedade intelectual”, escreveu Levien.
O New York Times mantém uma batalha judicial contra a OpenAI e a Microsoft. O jornal processou as duas empresas em 2023 por “violação massiva de direitos autorais”, acusando-as de utilizar milhões de artigos jornalísticos para treinar os modelos por trás do ChatGPT.
Nos últimos anos, outros grupos de mídia também firmaram acordos de licenciamento com a OpenAI —entre eles, News Corp, Axel Springer e o Financial Times. Esses contratos têm rendido dezenas de milhões de dólares aos veículos.