Advogada e professora universitária, Paula Zambelli diz que a sua irmã mais nova, a deputada federal Carla Zambelli, foi abandonada pelo PL, desde a cassação do seu mandato pelo TSE até a prisão na Itália na terça-feira (29).
Ao Painel a irmã também demonstrou preocupação com a saúde de Zambelli. Segundo Paula, ela já passou por cirurgias cardíaca e de retirada de um tumor no cérebro, além de sofrer de depressão.
“O que mais me deixa perplexa é o abandono institucional: eu não imaginava que uma deputada da envergadura da Carla, a parlamentar mulher mais votada desta legislatura e do partido, ao passar por uma situação como esta seria desconsiderada pelo próprio partido”, afirma. Ela diz que o partido não tem dado suporte financeiro nem jurídico para a deputada.
Ideologicamente alinhada à esquerda, diferente da deputada, Paula diz que a irmã, desde a infância, tem histórico de assumir posturas firmes.
De São Paulo, ela tem trocado mensagens com o pai, João Hélio Salgado, que viajou para Itália antes mesmo da detenção de Carla. A preocupação de ambos, assim como da mãe e do irmão caçula, o deputado estadual Bruno Zambelli (PL), é com a saúde da deputada, que faz uso contínuo de medicação.
“Carla possui muitas doenças que, combinadas, podem trazer efeitos muito diferentes, a depender de como ela está, e de qual remédio lhe falta. Isso é um motivo de muita preocupação, pois ela pode perder os sentidos, desmaiar, ficar com falta de sensibilidade de membros, fora as questões emocionais e psicológicas de alguém que tem depressão profunda”, conta Paula.
Ela afirma que a extradição seria um pesadelo. “Um processo de extradição implica em cumprir uma pena no Brasil de algo que ela reafirma que não fez. E, em sendo uma pena injusta e alta, aplicada a um fato que ela diz não ter cometido, há também o receio de não ser convertida em domiciliar”, afirma.
As irmãs, hoje próximas, ficaram três anos distantes por divergências políticas, no período entre o fim do governo Dilma Rousseff (PT) e a eleição de 2018, na qual Zambelli foi eleita deputada.
“Nossas convicções políticas são diferentes, e me entristece toda essa polarização, mas precisamos lembrar que ela representa muitas pessoas que pensam como ela, e essa é beleza maior da democracia”, diz Paula.
Para Paula, a prisão é uma chance para que a irmã modere algumas ideias em que é “radical ou extremista” e “solidifique alguns dos princípios que são fundamento do caráter dela”.
“Considero que é um dos capítulos da história dela. Carla tem 45 anos. Então eu tenho um desejo profundo de que tudo isso tenha algum propósito maior”, afirma.
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