O jornalista José Roberto Guzzo, 82, morreu na madrugada deste sábado (2), em São Paulo, segundo informações da revista Oeste, da qual ele foi fundador.
J.R. Guzzo, como assinava seus textos, foi vítima de um infarto, ainda de acordo com a publicação.
Ele também era colunista do jornal O Estado de S. Paulo, após trajetória de décadas no Grupo Abril, incluindo a direção das revistas Veja e Exame. Em 2020, fundou a revista Oeste ao lado dos jornalistas Jairo Leal e Augusto Nunes, com perfil editorial alinhado à direita e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A fundação da nova publicação ocorreu após uma demissão conturbada da Veja, onde ele foi colunista de 2008 a 2019. O motivo alegado por ele foi a recusa da revista em publicar um texto com críticas ao STF (Supremo Tribunal Federal).
No artigo, Guzzo defendia a saída de ministros da corte. Ele usou a palavra “calendário” como metonímia de “tempo”, ao dizer que só o calendário “pode resolver um problema que jamais deveria ter se transformado em problema, pois sua função é justamente resolver problemas – o Supremo Tribunal Federal”.
“Gilmar e os seus colegas podem rasgar a Constituição todos os dias, mas não podem fugir da velhice”, escreveu ele. O texto foi posteriormente publicado nas redes sociais.
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), definiu Guzzo como “um jornalista que marcou época por sua coragem, lucidez e compromisso inegociável com a liberdade de expressão”. “O país perde um referência intelectual que nunca se calou diante do poder”, afirmou.
Em 2021, a agência de checagem Aos Fatos classificou duas reportagens da Oeste como desinformação — uma sobre o chamado “tratamento precoce” contra a Covid-19 e outra que questionava dados sobre o desmatamento na Amazônia. A revista processou a agência, pedindo indenização. Em 2023, o TJ-SP (Tribunal de Justiça de São Paulo) negou o pedido.