Jornalista Heverson Castro foi detido após prefeito de Macapá agredir equipe de repórteres Foto: Felipe Peixoto
Episódio com agressão física expõe autoritarismo e ameaça à transparência pública; entidades pedem responsabilização.
A cena é alarmante: o prefeito de Macapá, Antônio Paulo de Oliveira Furlan, parte para agressão física contra um repórter que tentava entrevistá-lo sobre assuntos de interesse público. O episódio, registrado em vídeo e amplamente compartilhado nas redes sociais, reacendeu o debate sobre os limites do poder, o respeito à imprensa e as ameaças à democracia no Brasil.
De acordo com testemunhas e imagens divulgadas, o jornalista se aproximou do prefeito durante um evento para questioná-lo sobre a administração municipal. Em vez de responder, Furlan reagiu de forma violenta, empurrando o profissional e tentando impedir que ele continuasse a gravação.
O vídeo viralizou rapidamente, gerando indignação e cobrando explicações do gestor. O repórter registrou boletim de ocorrência, e o caso agora está sendo investigado pela Polícia Civil do Amapá.
A agressão ganhou destaque nacional e mobilizou entidades como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) e a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), que classificaram o ato como um ataque grave à liberdade de imprensa e à democracia.
“Agredir um jornalista é uma afronta direta ao direito da sociedade de ser informada”, afirmou a Fenaj em nota oficial. Já a Abraji destacou que violência contra profissionais da comunicação não pode ser tolerada e deve ser punida exemplarmente.
Esse episódio não é isolado. Em um país onde a violência contra jornalistas cresceu nos últimos anos, a atitude do prefeito de Macapá sinaliza um perigoso desprezo pelo diálogo e pela prestação de contas. Quando uma autoridade parte para a força física para calar um repórter, ela atinge não apenas um indivíduo, mas toda a sociedade.
O prefeito, eleito para representar os interesses públicos, tem obrigação legal e ética de dar respostas, mesmo diante de perguntas incômodas. A violência, nesse contexto, revela uma mentalidade autoritária que mina os pilares democráticos.
Especialistas apontam que Furlan poderá responder por lesão corporal e abuso de autoridade, além de enfrentar processos administrativos. No plano político, a imagem do gestor já sofre desgaste, e vereadores da oposição estudam pedir sua cassação por quebra de decoro.
Enquanto isso, movimentos sociais e sindicatos organizam protestos para exigir punição e reforçar a importância da liberdade de imprensa como valor inegociável.