Quer melhorar as suas pesquisas online? Use a inteligência artificial como um bibliotecário.
Três bibliotecários profissionais me ajudaram recentemente a avaliar ferramentas de busca com IA, do ChatGPT 5 aos resumos de IA do Google, fazendo aos bots uma série de perguntas difíceis. Nosso objetivo: descobrir qual IA poderia nos economizar tempo, sem dar respostas erradas.
Atualmente, muitas bibliotecas públicas e universidades têm “bibliotecários de IA”, como os que me ajudaram, para auxiliar as pessoas a usar as tecnologias mais recentes para pesquisa.
Observando os bibliotecários em ação, ficou claro que eles abordam a IA com o mesmo ceticismo saudável que você poderia dirigir a um vendedor de carros usados. Eles confiam, mas verificam. “A gratificação instantânea de informação, que defino como a necessidade de aceitar informações sem interrogá-las rigorosamente, é perigosa”, ressalta Trevor Watkins, bibliotecário da Universidade George Mason.
Aqui estão cinco lições práticas de nossos testes e conversas.
O vencedor que os bibliotecários escolheram em nosso teste de busca com IA não é a primeira opção da maioria das pessoas para pesquisa online. Mas deveria ser.
O modo IA é uma versão híbrida do Google com um chatbot. Você pode acessá-lo clicando no botão no canto superior esquerdo dos resultados de pesquisa.
O recurso superou todas as ferramentas de IA que testamos (incluindo o ChatGPT 5) —e principalmente os Resumos de IA do Google que aparecem por padrão no topo da maioria dos resultados de pesquisa.
Por que o modo IA é melhor? O Google diz que usa o “raciocínio” de IA para identificar subtópicos para aprofundar e então realiza múltiplas —possivelmente dezenas e dezenas— de pesquisas ao mesmo tempo. Diferentemente dos Resumos de IA, ele também tem acesso a atualizações tecnológicas mais recentes do modelo de IA do Google, o que o ajuda a analisar e resumir o que encontra.
Ainda há muitas perguntas que o modo IA tem dificuldade para responder. Mas ele é muito útil para pesquisas do tipo “agulha no palheiro”, onde sua capacidade de pesquisar rapidamente de forma ampla é mais útil.
2. SEJA MUITO, MUITO ESPECÍFICO
A maioria das ferramentas de IA ainda não é inteligente o suficiente para fazer perguntas complementares importantes, um processo que os bibliotecários humanos chamam de entrevista de referência. “[É] uma das muitas coisas que separam os bibliotecários de todas as ferramentas de IA generativa”, diz Watkins. Mas com a IA, “cabe a você, como usuário, reformular sua pergunta e, quando necessário, fornecer mais contexto”.
Quando os bibliotecários fazem isso, eles aprofundam exatamente o que querem perguntar, mas talvez ainda não tenha formulado completamente, afirma Chris Markman, que trabalha na Biblioteca da Cidade de Palo Alto. “Nove em cada 10 vezes, o que eles estão procurando está duas ou três camadas além da pergunta inicial”, diz o bibliotecário.
“Quando estou elaborando um prompt, estou tentando incorporar esse processo de pensamento na pergunta inicial, mantendo-a o mais concisa possível”, comenta.
Adicionar exemplos à sua pergunta pode ajudar, assim como limitar o período de tempo para possíveis fontes. “Às vezes ficamos muito preguiçosos em lembrar de dar ao modelo de IA um papel, fornecendo contexto ou restrições”, diz Sharesly Rodriguez, bibliotecária da Universidade Estadual de San Jose.
Rodriguez sugere que você também peça à IA para criticar a si mesma ou mostrar múltiplos exemplos, com pedidos de prompt como “argumente o ponto de vista oposto”, “identifique fraquezas em seu raciocínio”, “liste o que pode estar faltando” ou “quais vieses podem estar presentes”.
Em nosso teste, todas as ferramentas de IA demonstraram fraquezas que você deve manter em mente. Estas incluíram perguntas sobre:
Eventos recentes: O processo de criação de um modelo de IA é longo, então seu conhecimento fica determinado até um período. Por exemplo, sem uma pesquisa na web, o ChatGPT 5 não sabe nada após 30 de setembro de 2024. Se você precisar perguntar sobre algo mais recente, certifique-se de instruir explicitamente a IA a verificar informações atualizadas.
Elementos visuais: A IA ainda é muito melhor com texto do que com imagens, e pode ficar muito confusa quando você pede para responder perguntas que envolvem análise de imagens.
Dúvidas de nicho: Devido a acordos de publicação, o acesso da IA a conteúdo acadêmico, notícias e outras mídias pode ser limitado. “A maioria das pesquisas acadêmicas ainda não é ‘aberta’, encontrável ou acessível, mesmo em mecanismos de busca”, diz Rodriguez. Isso significa que para algumas perguntas, você realmente pode ter um melhor resultado perguntando a um humano que tenha acesso a bancos de dados e fontes pagas.
4. VERIFIQUE AS CITAÇÕES DAS RESPOSTAS (DE VERDADE)
Em nossos testes, as ferramentas de IA às vezes davam uma resposta, completa com links para fontes. Ainda assim, houve respostas erradas. “É tão fácil cair nessa armadilha quando elas parecem e soam tão autoritárias e confiantes”, diz Rodriguez.
Então você ainda vai querer clicar nas fontes para ver o que elas têm a dizer. Ou se elas são reais.
E se o link confirmar a resposta da IA, você pode realmente confiar na origem? “Clique nas fontes, verifique a autoria, observe a organização por trás dela e observe a data de publicação”, diz Rodriguez. As ferramentas de IA têm dificuldade em saber qual fonte é confiável, então elas podem apresentar blogs, notícias de baixa qualidade ou textos ruins focados em SEO em vez de fontes legítimas revisadas por uma curadoria.
Uma bandeira vermelha é quando a IA cita sua resposta do Reddit, o fórum de mensagens da comunidade, ou uma rede social como o X. Não há nada de errado com as opiniões das pessoas, mas elas não são o mesmo que fatos.
5. FAÇA A MESMA PERGUNTA DUAS VEZES (OU TRÊS)
Se você tiver um tempo sobrando, abra algumas abas extras do navegador e faça a mesma pergunta a diferentes ferramentas de IA. Você pode se surpreender com a divergência das respostas —ou ficar satisfeito quando elas não divergem.
Você terá [uma resposta] muito melhor, diz Markman, se tiver pelo menos algum conhecimento sobre o tópico que está explorando quando está tentando descobrir se deve confiar em uma resposta de IA. “Eu gosto de chamar isso de ‘mínimo de dois livros’ para IA”, comenta.
“Você não precisa saber tudo sobre um assunto, mas deve saber o suficiente para identificar um erro e seguir em frente, em vez de ir atrás de informações erradas.”
E em caso de dúvida, “obtenha ajuda de bibliotecários”, aponta Watkins. “Muitas bibliotecas públicas e algumas acadêmicas oferecem um serviço chamado referência virtual, onde os usuários podem fazer perguntas a profissionais de biblioteca (não chatbots) online.”