O artista Wagner Schwartz, que foi alvo de ataques da direita e do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), fez críticas públicas ao presidente Lula (PT) nesta semana.
A performance “La Bête” foi alvo em 2017 de protestos, e Schwartz, alvo de ameaças após uma criança tocar a canela dele, que fica nu durante o espetáculo. Schwartz foi acusado de pedofilia, e o caso foi usado por grupos de direita e pelo próprio Bolsonaro para atacar a esquerda.
Em uma carta aberta a Lula, Schwartz diz que viu que o presidente telefonou para Fernanda Torres e para Wagner Moura para parabenizar os artistas por prêmios que eles receberam e afirmou que está, desde 2017, esperando uma ligação do petista. “Imagino que se lembre do que aconteceu com muitos artistas naquele ano —e do que ainda acontece”, escreveu Schwartz.
Na carta, divulgada na quinta (5) em suas redes sociais, o artista diz que poderia encontrar o presidente para conversar pessoalmente, já que ele mora há 20 anos em Paris e Lula cumpre agendas institucionais na França.
“Seria uma boa oportunidade para conversarmos, não apenas sobre o meu caso, mas também sobre tantos artistas que, por acumularem sucessos ao contrário, foram forçados a deixar o Brasil, a permanecer no país em situação de risco ou a reinventar suas formas de trabalho —cortesia do governo Bolsonaro”, escreveu.
Ao Painel, Schwartz diz que não foi procurado por nenhum integrante do governo desde a sua publicação e que também não foi convidado para eventos que contaram com a participação do petista em Paris.
Ele diz acreditar que isso ocorreu porque “o desconforto que minha história provoca é real”.
“E, ao dizer ‘minha história’, falo também da de muitos artistas que, ontem e hoje, foram ou continuam sendo hostilizados no Brasil sem apoio e sem ‘telefonemas’ da Presidência. Talvez porque, no Brasil, o reconhecimento político ainda seja reservado a quem performa um sucesso conciliável, e não a quem expõe problemas políticos que seguem sem resposta”, afirma.
Schwartz também diz que o governo “quer ao seu lado pessoas cuja imagem é validada e comercializada por instituições de luxo”.
“Para mim, isso contradiz o discurso de quem é ‘pelo povo’. O povo não chega ao Oscar, nem ao Globo de Ouro, tampouco a Cannes. Sabemos muito bem o que é necessário para ocupar esses espaços —é preciso ter justamente os privilégios que Lula não teve antes de ser presidente”, diz Schwartz.
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