O grupo LVMH, detentor de grifes como Louis Vuitton, Christian Dior e Celine, revelou os vencedores do Prêmio LVMH 2025 para jovens estilistas de moda nesta quarta-feira (03.09), em Paris. O ganhador foi o japonês Soshi Otsuki, 35 anos, da Soshiotsuki.
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A escolha foi do júri composto por nove diretores criativos das grifes pertencentes à holding: Jonathan Anderson, Sarah Burton, Nicolas Ghesquière, Marc Jacobs, Stella McCartney, Nigo, Phoebe Philo, Silvia Venturini Fendi e Pharrell Williams. Também participaram da decisão Delphine Arnault (presidente e CEO da Dior), Jean-Paul Claverie (diretor de mecenato da LVMH), Sidney Soledano (CEO da LVMH) e a atriz e embaixadora da Louis Vuitton, Deepika Padukone, convidada especial desta edição.
Soshi recebe uma bolsa de 400 mil euros e um ano de acompanhamento de especialistas da companhia. Ele terá aconselhamentos sobre temas como desenvolvimento sustentável, direitos autorais, comunicação, marketing e gestão financeira. Os britânicos Steve O Smith, 33, e Torishéju Dumi, 32, levaram, respectivamente, os troféus Karl Lagerfeld e Savoir-Faire. Cada um ganhou 200 mil euros, além de igual mentoria.
Soshiotsuki, inverno 2025.
Foto: Divulgação
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Nos anos anteriores, a premiação catapultou nomes importantes do mercado, como Marine Serre (2017), Grace Wales Bonner (2016) e Simon Porte Jacquemus (2015). A vencedora do ano passado foi a sueca Ellen Hodakova.
Quem é Soshi Otsuki?
Nascido em 1990 na cidade de Chiba, no Japão, Soshi Otsuki é formado em moda masculina pelo Bunka Fashion College, instituição por onde passaram Kenzo Takada, Yohji Yamamoto e Junya Watanabe. Em 2015, ele fundou a grife Soshiotsuki. No início, o foco era apenas nos homens, mas desde o começo deste ano, as mulheres também entraram no seu rol de ofertas. O estilista já havia sido finalista do prêmio LVMH em 2016, e, em 2019, venceu o Tokyo New Designer Awards.
Soshiotsuki, verão 2026.
Foto: Divulgação
Soshiotsuki, verão 2026.
Foto: Divulgação
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Com uma pesquisa voltada à alfaiataria tradicional, sua escolha de materiais valoriza os recursos de seu país natal. As camisas da coleção de inverno 2025, por exemplo, são provenientes da sobra da seda usada para fazer quimonos. A maioria de seus blazers são construídos com algodão washi (versão têxtil do papel tradicional japonês feito de fibras de plantas).
O diferencial da sua produção está nos detalhes técnicos, que são sutis, surpreendentes e inteligentes. Há um recorte escondido na lapela por onde se passa um lenço ou uma gravata. Uma dobra a mais na mesma parte do blazer revela a parte interna da peça. Bolsos entre a entretela e o tecido principal do paletó dão mais possibilidade de armazenamento e ajudam a estruturar a região do peitoral e são uma interpretação do designer sobre o melhor aproveitamento de espaços vazios – um conceito da arquitetura japonesa.
Soshiotsuki, verão 2026.
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Soshiotsuki, inverno 2025.
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A silhueta das peças é oversized, fluida e retrô. Ela tem abotoamentos cruzados, colarinhos largos e uma inspiração que vem, sobretudo, da figura dos salaryman japoneses. O termo descreve o estereótipo dos funcionários de escritório, com cargas horárias exaustivas e vivem tanto pelo ofício, que não perdem um happy hour em um bar izakaya para seguir ao lado dos colegas de profissão.
Não à toa, Soshi afirma que o seu filme preferido é Gung Ho (1986), de Ron Howard. A comédia dramática, com fundo de crítica social, toca nos conflitos culturais entre Estados Unidos e Japão, principalmente no que diz respeito à relação ao trabalho. Trata-se de uma alegoria para os reflexos da era Meiji, período entre o final do século 19 e início do século 20, marcado pela industrialização e ocidentalização do país asiático. Nas roupas da Soshiotsuki, isso vira calças com passador extra na cintura com lugar para guardar um cigarro e cintos com cinzeiros embutidos nas fivelas.
Soshiotsuki, inverno 2025.
Foto: Divulgação
Interessado nesses encontros (ou tensões), dá para entender porque ele admira estilistas aparentemente de pólos opostos: Giorgio Armani e Rei Kawakubo. O resultado desses choques podem criar imagens poderosas.
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