João Fonseca jamais havia jogado uma partida da chave principal de um torneio da série Grand Slam, a mais importante do tênis. Jamais havia enfrentado um atleta top 10 do ranking mundial. E jamais havia atuado em uma quadra tão grande quanto a Margaret Court, com capacidade para 7.500 pessoas.
Nada disso o intimidou.
“Eu simplesmente aproveitei o momento neste lugar incrível”, afirmou o brasileiro de 18 anos, ao fim de sua vitória em sets diretos sobre o russo Andrei Rublev, número nove do mundo, pela primeira rodada do Australian Open. “Quero agradecer ao público, muitos brasileiros torcendo. Eu simplesmente aproveitei cada momento.”
Cercado de expectativa pelo enorme talento e pelos resultados recentes, com dois títulos em campeonatos menores, o carioca soube lidar com os holofotes. Com elogios de gente como Roger Federer e Boris Becker, teve personalidade nos momentos de dificuldade e mais calma do que o explosivo Rublev, nove anos mais velho.
“Eu estava apenas focado no meu jogo, tentando não colocar pressão em mim mesmo, jogando em um estádio enorme. Tentei aproveitar o público e jogar meu jogo. Procurei pôr intensidade nos pontos importantes. Nos pontos importantes, eu jogo de maneira melhor, vou para os pontos”, declarou.
Ainda na Margaret Court, Fonseca respondeu a uma pergunta da entrevista oficial da transmissão, um questionamento sobre quanto custava seu talento. “Como diz o Roger”, retrucou, com a naturalidade de quem tem no craque Federer quase um colega, “talento não resolve”. “Tem que ter trabalho duro. Eu ponho trabalho duro”, acrescentou.
O jovem, então, pediu para dizer “one last thing” e abandonou o inglês usado na conversa até aquele momento para gritar: “Aqui é Brasil! Vamo!”.
