Bonjour! Apesar dos 9 graus Celsius que marcam os termômetros nas manhãs ensolaradas deste quase verão 2025, estamos numa época ótima para sair por Paris e aproveitar o melhor que a cidade oferece.
Tenho, como sempre, feito longas caminhadas e também curtido o ambiente alegre e festivo das ruas: é de graça e enche a alma. Mas, bem, vocês não chegaram até aqui para ver meus sentimentos sobre Paris. Então, vou abrir minha caixinha de endereços que considero verdadeiros tesouros daqui e que fazem parte do hábito das parisienses. Ao longo desses 18 anos de vivência local, aprendi direitinho com elas.
Ruas da cidade, padarias, spa, exposições, nem sempre e não necessariamente comprar algo. Mas dou a dica também (porque testei) de um salão supertradicional que, por indicação de uma amiga, comecei a frequentar para cortar meus cabelos. Tem ainda café fashion no coração de Saint-Germain-de-Près, onde comi o melhor vitello tonatto da vida e outros achados. Entre comer, apreciar arte, andar e se cuidar, acredito que vocês terão hoje um bom roteirinho de programas para fazer em Paris!
Mergulho no Molitor
O rooftop do Molitor é uma das atrações desse hotel que faz parte da história de Paris.
Foto: Francis Amiand
Eu não sei se já falei desse lugar mágico que eu amo ir em qualquer época do ano: o Hotel Molitor. Inaugurada em 1929, a piscina Molitor foi a mais badalada de Paris durante 60 anos!
Fechada em 1989 e classificada como monumento histórico, o lugar virou outra lenda: foi ocupado por grafiteiros e virou uma galeria clandestina de arte, um templo do underground parisiense.
Reaberto como hotel de luxo, clube e spa, o Molitor guardou esse link com a arte de rua. Uma coleção de litografias numeradas de artistas decora os quartos do hotel e as paredes das cabines da piscina. Grafiteiros como Blek le Rat, Futura, Jef Aérosol têm obras lá!
O lugar é belíssimo e fica ao lado de Roland Garros, outro bônus, já que estamos em época de campeonato. Saindo do estádio, dá para ir a pé para um almoço, um drink ou uma massagem e um banho na piscina mais fantástica de Paris. É um programaço. Tem que reservar.
O Spa da Clarins faz parte das atrações do Molitor
Foto: Divulgação
Aliás, ainda falando sobre o Molitor, o spa do hotel é o mais icônico e parisiense possível. Explico: todo o complexo entre academia, piscina e spa com as saunas é frequentado por hóspedes ou associados, coisa bem particular. O clima, então, é amigável: muitas pessoas se conhecem, frequentam há anos. Me sinto uma local lá.
Na real, o spa é da Clarins e é o maior spa hoteleiro da Europa, com 1.600 m² e 13 cabines de tratamento, além de uma suíte privada. Agora eles estão com a marca myBlend também. Eu ainda não testei, mas já fiz crioterapia, massagens faciais e curti a piscina.
Por fim, já que vamos no Molitor, não dá para deixar de conferir o rooftop que acaba de abrir para o verão 2025. São várias as programações interessantes: no dia 4 de julho, por exemplo, a Soirée Californie vai dar um pulo no clima de surfe e pôr do sol. No dia da festa nacional, ou seja, 14 de julho, tem a ,Soirée Blanche, imperdível no calendário do verão parisiense, quando ninguém dorme e todos os estabelecimentos da cidade ficam abertos a noite toda!
Hotel Molitor: 13, rue Nungesser et Coli 75016
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Eternamente na moda
O vitello tonnato do Café Armani está entre os meus favoritos.
Foto: Massimo Tringali
Foi por acaso que eu entrei no Emporio Armani Caffè, no Boulevard Saint-Germain. Sabe aqueles dias que você está na rua há horas e resolve parar só para comer uma coisinha? Pois bem. O café Armani me deixou de boca aberta com a gostosura do prato vitello tonnato, uma das iguarias italianas que estão na lista de coisas que sempre amo comer. A receita, que consiste em fatias de vitelo servidas com um molho cremoso à base de atum, anchovas e alcaparras, teria sido escrita em 1891 pelo gastronômico Pellegrino Artusi no livro La scienza in cucina e l’arte di mangiar bene, um das obras de referência da culinária italiana.
Voltando ao Café Armani, dizem que todos os pratos servidos nos restaurantes têm a aprovação do próprio senhor Armani. Assim como as roupas que faz, tudo tem que estar dentro dos padrões de perfeição que ele estabeleceu. Une merveille.
Ele fica em frente aos famosos Café Flore e Les Deux Magots, só que parece que se está noutro planeta, até porque ali tem uma estrela Michelin dada ao chef Massimo Tringali que dirige a cozinha desde 2016. O clima é calmo, pelo menos nos dias que eu fui e eu já voltei algumas vezes lá, mas isso não quer dizer que no dia que você for não terá fila de espera. Afinal é Paris e Armani, dois grandes símbolos. Deixo a nota aqui, porque acho a pedida ótima para quem está meio perdido entre tantos endereços e dicas turísticas que acabam saindo caro e ruim. Pode ir sem medo.
Emporio Armani Caffè: 149, Boulevard Saint-Germain.
Talento nosso
Visitar a loja de Sammy Voight é um dos ótimos programas para fazer em Paris
Foto: Arquivo pessoal
Nas minhas andanças também amo passar na loja do Sammy Voigt na rue Saint Paul (que, aliás, está cheia de outras lojas superbacanas, dá para passar uma tarde toda por ali e esticar para o drink e jantar nos bares e restaurantes da região). Eu adoro as estampas dele e as echarpes em cashmere feitas na Itália, que uso há anos. Franco-brasileiro-alemão, Sammy é o tipo de personagem da moda que guarda um pé firme (desde sempre) num trabalho sustentável, em tecidos de primeira, desenhos feitos por ele e em peças que são atemporais. Nada de cores berrantes. É o que hoje chamamos de sustentabilidade e falamos sobre a obrigação de todas as marcas seguirem por esse caminho. Pois Sammy sempre fez isso e se mantém assim. As coleções são pequenas e fluidas, ou seja, transitam entre o masculino e o feminino com cortes clássicos, muitos tweeds e aquele borogodó que quem é do Brasil sabe dar ao que cria. Este ano, além do que faz por aqui, ele também foi escolhido pela Embaixada da França na Coreia e pela Federação Francesa do Prêt-à-Porter Feminino e participou do 140º aniversário das relações diplomáticas entre França e Coreia lançando uma coleção em Seoul exclusiva para a KT Alpha Shopping. Ah, e nessa onda coreana, Sammy também aproveitou para trazer algumas marcas naturais de skincare para cá. Vocês vão gostar de conhecer!
Infinity by Sammy Voigt: 9 Rue Saint-Paul.
Très chic
Endereço chique e tradicional em Paris, o Leonor Greyl tem a melhor hidratação.
Foto: Divulgação
Esse é um dos salões mais tradicionais de Paris. O Leonor Greyl fica ao lado da Place de la Madeleine e existe desde 1968 exatamente no mesmo lugar.
Fui lá por indicação de uma amiga, mas já conhecia a marca por vê-la citada por musas como Lou Doillon em matérias de revistas. A filha de Jane Birkin compartilha seus segredos de cabelo supernaturais e bem-cuidados e sempre fala no óleo da Leonor Greyl. Pequeno, aconchegante e muito discreto, o salão tem uma decoração bem vintage. Os preços não são baratíssimos, pois nada aqui é, mas estão na faixa do aceitável para uma cidade como Paris. Vale muito conhecer a hidratação cheia de etapas, com aplicação de óleos e cremes da marca feitos sob medida e adaptada para todos os tipos de fios. Vá sem medo, mas reserve com bastante antecedência.
Instituto Leonor Greyl: 15, rue Tronchet.
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Finalmente, Poiret
Mais do que esperada, a expo Paul Poiret abre as portas em junho na cidade.
Foto: Thérèse Bonney / Bibliothèque historique de la Ville de Paris
Depois de Worth no Petit Palais, chega a vez de Paul Poiret ganhar sua primeira exposição no Museu de Artes Decorativas. Paul Poiret (1879-1944) é uma figura essencial da alta-costura parisiense do início do século 20. Foi ele quem deu o primeiro passo para a liberação do corpo feminino, desnudando-o. Claro, isso é um conceito hoje discutível, mas não vamos entrar nesses detalhes. O fato é que Paul Poiret renovou a moda e é um dos maiores nomes da história, influenciando gerações de criadores, como Christian Dior, em 1948, até Alphonse Maitrepierre nos dias de hoje.
Paul Poiret: A moda é uma festa vai visitar da Belle Époque aos Anos Loucos e mostrar criações nos campos da moda, das artes decorativas, da perfumaria, além de falar de festa e gastronomia, porque Poiret gostava de se divertir e viver bem. Ou seja, vai ser babado!!!.
São 550 obras, entre vestuário, acessórios, belas-artes e artes decorativas destinadas a desenhar a trajetória de um gênio criativo! Em tempo: no Volume 20 da ELLE impressa, que acaba de ser lançado, tem uma reportagem que conta mais sobre a exposição e fala sobre a importância de Poiret para a moda.
Paul Poiret: A moda é uma festa: De 25 de junho de 2025 a 11 de janeiro de 2026, no Museu de Artes Decorativas ,107, Rue de Rivoli.
Ana Garmendia é jornalista e correspondente da ELLE em Paris. Reside na capital francesa há 18 anos e é apaixonada por caminhadas, fotografia e pela exploração de lugares que refletem moda, história, cultura e gastronomia. Nesta coluna, ela compartilha suas experiências e revela segredos, descobertas e preferências na Cidade Luz.
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