E a cidade mais bonita no Natal é… – 18/12/2024 – Zeca Camargo

Minha série favorita do meu tempo de criança era “Perdidos no Espaço”. Não aquele reboot curioso porém sem charme que a Netflix lançou em 2018, mas o “Lost in Space” raiz, aquele com um cientista atrevido que anunciava sua chegada dizendo: “Nada tema, com Smith não há problema”.

Ele e a família Robinson —e o robô!— vagavam pelo espaço tentando voltar para a Terra e uma de suas aventuras intergaláticas me apresentou, pela primeira vez, uma cidade enfeitada para o Natal. E eu nunca esqueci aquele espetáculo.

No episódio, os Robinson encontravam uma “janela” para a Terra e o caçula, Will, ficava emocionado de ver, do espaço sideral, uma cidade americana toda iluminada para as festas de fim de ano.

Não me lembro que episódio era —se alguém mais apaixonado que eu por “Perdidos no Espaço” souber, ajude-me! Fato é que me lembrei dessa cena porque hoje em dia a cara das cidades mudou muito no Natal.

Nos idos dos anos 60 e 70, raras eram as decorações públicas natalinas. Não me lembro de casas coalhadas de luzinhas nem de Papais Noéis de neon no topo das árvores. Os poucos shoppings faziam um certo esforço, mas com enfeites que hoje seriam rejeitados na mais simples praça de alimentação.

Aos poucos, porém, as paramentações foram ficando cada vez mais elaboradas e muitas cidades, no Brasil e no mundo, passaram a se esmerar para dar aos seus habitantes uma festa deslumbrante. Com resultados híbridos, é verdade.

Não são poucos os casos em que o exagero, ou o marketing, estraga qualquer espírito natalino. Como é o caso da Regent Street, em Londres, onde conferi vários natais temáticos que vendiam o filme de animação daquele fim de ano…

Um Natal em Amsterdã me pareceu deveras decepcionante. E teve uma parada de Papais Noéis no Porto (Portugal) que me encheu de tristeza.

Mas que lugares no mundo vale a pena conhecer nesta época do ano? Algumas cidades sempre aparecem nas listas de destinos natalinos, como Colônia (Alemanha), Salzburgo (Áutria), Paris e Copenhague. Este modesto duende, no entanto, tem sua lista de favoritos.

Amo ver Nova York tanto quanto Gramado no Natal. Por caminhos diferentes, essas cidades não têm medo de ir além de uma decoração convencional e, com estilos bem diferentes, encantam os turistas.

Mas às vezes simplicidade também é um trunfo. Na praça Portugal de Fortaleza, por exemplo, vi anos atrás uma árvore de Natal que, com velas que faziam referência às jangadas, era o oposto de qualquer exagero. E era belíssima. Neste ano ela é feita de redes brancas e a iluminação vai lhe dando cores.

Passei um 25 de dezembro na Sicília e uma singela referência a Pinóquio me tirou lágrimas pelas ruas de Taormina. E num episódio que já contei aqui anos atrás, bastou uns animais virem beber na lagoa do meu hotel na Namíbia para eu me emocionar.

Com tantas experiências acumuladas —já são 61 Natais!—, como dizer em que lugar deste planeta eu mais gosto de passar as festas? As cidades podem disputar qual tem as luzes mais brilhantes, os enfeites mais incríveis, os corais mais afinados.

Mas eu sempre vou olhar para os amigos que estão à minha volta, não importa onde for, e me sentir como Will Robinson, encantado com uma rua toda iluminada num cantinho da Terra.

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