Elon Musk retorna a Tesla e SpaceX sob pressão – 03/06/2025 – Mercado

Elon Musk recentemente trocou seu boné “Make America Great Again” e a camiseta “tech support” por sua antiga “Occupy Mars”, uma referência à missão de sua empresa de foguetes SpaceX de colonizar o planeta vermelho.

Ele embarcou em uma blitz midiática, concedendo entrevistas a veículos que anteriormente evitava e dizendo que estava focado na SpaceX e na sua montadora de carros elétricos Tesla. Nas redes sociais, ele publicou que estava novamente passando 24 horas no trabalho e dormindo nas fábricas e salas de servidores.

Enquanto Musk se afasta de Washington e seu Doge (Departamento de Eficiência Governamental), o “primeiro amigo” do presidente Donald Trump está voltando ao seu papel de titã empresarial.

Essa transição, no entanto, provavelmente não será fácil depois que Musk passou meses apoiando a campanha de Trump e desmontando partes do governo federal, levantando preocupações de que ele se tornou um líder ausente em suas várias empresas, como SpaceX, Tesla, xAI e a plataforma X.

O tempo de Musk no governo foi misto para seu império empresarial. A Tesla está vulnerável depois que a popularidade de Musk despencou quando ele cortou cargos públicos. Concessionárias da Tesla tornaram-se alvo de protestos enquanto as vendas e lucros caíam.

Além disso, o projeto de orçamento republicano que tramita no Senado eliminaria subsídios e políticas que promovem carros elétricos. As ações da Tesla caíram cerca de 14% neste ano, eliminando aproximadamente US$ 180 bilhões de seu valor de mercado.

Algumas das empresas de Musk se beneficiaram de sua proximidade com o governo, com Trump em certo momento promovendo carros da Tesla no gramado da Casa Branca e a SpaceX colhendo mais parcerias governamentais com a Starlink, seu serviço de internet via satélite.

O X continua sendo um megafone poderoso para os apoiadores de Musk e Trump. E Trump é um aliado valioso com poder político que supervisiona órgãos que regulam os negócios de Musk.

Mas Musk é o rosto de suas empresas, e seu tempo prolongado em Washington acendeu alarmes sobre seu comprometimento com seus negócios. Alguns ex-funcionários da SpaceX e de outras empresas questionaram sua ausência das companhias. No geral, não está claro se as manobras do bilionário da tecnologia em Washington levarão a vantagens de longo prazo para elas.

“Tornou-se uma missão crítica levar o CEO de volta ao escritório”, disse Eric Talley, professor da Faculdade de Direito de Columbia. “E, para ser franco, já era hora”.

Quanto tempo Musk passará com suas empresas e fora de Washington agora continua incerto. Em entrevista a jornalistas no Salão Oval com Trump na sexta-feira (30), Musk chamou sua saída do governo de “não o fim do Doge, mas realmente o começo” e disse que continuaria a visitar “e ser um amigo e conselheiro do presidente.”

“Elon realmente não está saindo”, disse Trump. “Ele vai estar indo e vindo.”

Musk não abordou como gastaria seu tempo ou como a mudança afetaria suas empresas. Ele não respondeu a um pedido de comentário por email. Tesla e SpaceX também não responderam a pedidos de comentário. X e xAI recusaram-se a comentar.

Na SpaceX, a ausência de Musk foi sentida nos últimos meses. Em maio, Dylan Small, um ex-mecânico da empresa de foguetes, publicou no X que “o moral está baixo” e “as pessoas estão esgotadas.”

“Sua presença costumava acender um fogo na equipe”, escreveu Small para Musk. “Por favor, volte e caminhe pelo chão de fábrica.”

Em uma mensagem ao The New York Times, Small disse que o trabalho da SpaceX era em grande parte resultado de funcionários se sentirem “inspirados”, com Musk desempenhando “um papel enorme nisso.”

Desde o início do mandato de Trump, Musk publicou quase mil vezes no X sobre a SpaceX, o que foi metade das quase 2.000 vezes que publicou sobre o Doge, de acordo com uma contagem do Times. Nesse período, a SpaceX realizou dois lançamentos de teste do Starship, o foguete que Musk espera que leve humanos a Marte.

Na Tesla, o distanciamento de Musk dos negócios ficou claro em abril. Ele raramente visitava os escritórios ou fábricas da Tesla desde a posse de Trump, mas apareceu em um dos escritórios da empresa em Palo Alto, Califórnia, alguns dias antes de uma teleconferência de resultados naquele mês, segundo duas pessoas a par de sua viagem.

Durante a visita, Musk perguntou sobre o impacto das tarifas de Trump na Tesla e foi informado sobre os efeitos e as vulnerabilidades da cadeia de suprimentos da empresa, disseram duas pessoas familiarizadas com a reunião.

O momento de sua pergunta levantou preocupações de alguns participantes, já que Trump havia começado a implementar tarifas dois meses antes, em fevereiro.

Dias após a visita de Musk, a Tesla relatou que suas vendas de veículos caíram 13% no primeiro trimestre em relação ao ano anterior, enquanto o lucro despencou para seu nível mais baixo em quatro anos. Novas tarifas sobre peças automotivas importadas aumentaram as pressões financeiras enfrentadas pela empresa.

A Tesla, que enfrenta forte concorrência de fabricantes chineses de veículos elétricos como a BYD, tem tentado diversificar mais em IA e robótica. Musk disse que a empresa lançaria um serviço de transporte neste mês em Austin, Texas, com veículos totalmente autônomos.

A empresa também visa começar a fabricar um carro mais barato, embora não esteja claro se será diferente dos veículos existentes da Tesla.

Durante seu tempo no governo, Musk parece ter mantido um olho no campo em rápida evolução da IA. Ele promoveu a xAI, sua startup, e publicou centenas de vezes no X sobre o Grok, o chatbot feito pela startup. Ele também continuou travando uma batalha legal contra Sam Altman, que lidera a OpenAI e é um rival-chave na indústria de IA.

Em março, Musk vendeu o X para a xAI, fundindo as duas empresas. No mês passado, a empresa combinada anunciou uma oferta de compra, que permite aos funcionários resgatar parte de seu patrimônio vendendo as ações de volta à empresa a um preço pré-combinado, de acordo com documentos internos vistos pelo Times.

A oferta de compra está programada para este mês e avaliou a empresa combinada em cerca de US$ 113 bilhões, segundo os documentos.