A ministra da Gestão e Inovação em Serviços Públicos, Esther Dweck, alertou para a vulnerabilidade do Brasil a serviços de nuvem providos por empresas estrangeiras, especialmente americanas, aludindo a possíveis sanções contra o país, na esteira das tarifas e restrições impostas pelo governo Donald Trump.
Em mesa que abriu a programação da Casa República na Flip 2025, Dweck afirmou que o governo depende dos serviços das big tech americanas.
“Os serviços de nuvem [usados pelo governo brasileiro para armazenar e processar seus dados] ainda são basicamente fornecidos pelas big techs. Temos um gap tecnológico muito grande, precisamos reduzir nossa dependência, já estamos trabalhando na infraestrutura física [data centers] e precisamos avançar para serviços [de nuvem]”, disse Dweck.
“Hoje vivemos a possibilidade efetiva de algum tipo de sanção de determinadas empresas contra nosso país”, afirmou, em conversa moderada pela jornalista Clara Becker e com participação de Rodrigo Cândido, diretor-executivo do Instituto Republica.org.
Dweck defendeu a necessidade de soberania digital, afirmou que o governo estuda maneiras de incentivar empresas brasileiras a oferecer esse tipo de serviço, para que o governo brasileiro não fique vulnerável a empresas estrangeiras. Mas ela reconheceu que não se trata de um processo rápido.
“Vai levar um tempo para a gente realmente ter autonomia e soberania nisso (nuvem)”, disse.
Ela afirmou que já há algumas empresas brasileiras começando a oferecer esses serviços e o governo estuda como estimular.
Ela também defendeu que parte do Redata, programa de incentivos fiscais para data centers em discussão no Ministério da Fazenda, seja para processamento de dados.