João Zambelli, 17, filho da deputada federal Carla Zambelli (PL-SP), criou um novo perfil no Instagram nesta quinta-feira (5), após ter sua conta original bloqueada por ordem do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Alexandre de Moraes. Em sua primeira publicação, o jovem afirmou que sua família está sendo “censurada, silenciada e criminalizada por motivações puramente políticas”.
“Não cometemos crime algum, apenas exercemos o direito de pensar diferente, de discordar, de lutar por um Brasil livre”, escreveu na legenda de um vídeo publicado na rede social. João foi emancipado por Zambelli antes que ela deixasse o país.
O perfil, identificado como joaozambelli01, tinha às 20h50 desta quinta-feira (5) 28,4 mil seguidores, uma publicação e seguia 49 pessoas —entre elas Jair Bolsonaro (PL), o ministro do STF André Mendonça, nomeado pelo ex-presidente, o secretário da Segurança Pública de São Paulo Guilherme Derrite e o escritor Olavo de Carvalho, além dos deputados federais Nikolas Ferreira (PL-MG) e General Pazuello (PL-RJ).
Em seu perfil, João se descreve como “filho censurado de uma parlamentar brasileira perseguida. Crescido entre ideais, coragem e resistência”.
No vídeo, de cerca de seis minutos, ele disse que veio a público compartilhar sua tristeza e indignação. “Na ânsia do ministro Alexandre de Moraes de destruir a carreira da minha mãe, de tirar o mandato dela, de prendê-la por 15 anos de prisão, ele agora vem atrás de mim e da minha avó”, afirmou.
Com uma música ao fundo, ele afirmou estar preocupado com a saúda da avó, que dependia de sua mãe financeiramente. De acordo com ele, o local onde moram é um apartamento vinculado ao cargo da deputada.
“Quando eles quiserem cassar o mandato da minha mãe, a gente vai morar onde? Com o salário de aposentada da minha avó e seus 75 anos, que serviço ela vai arrumar? Que trabalho eu vou arrumar, com 17 anos?”, questionou.
Nos stories, João compartilhou um vídeo gravado por sua avó, Rita Zambelli (rita.zambelli), cujo perfil continua ativo. “Sabe aquela mãe que tem o filho na escola e descobre que ele está sofrendo um bullying terrível, o desespero que ela tem, de ter que, sem quase prova nenhuma, mostrar que seu filho está sofrendo bullying? É isso que eu estou sofrendo hoje”, afirmou.
A publicação segue a mesma estratégia da adotada por João, com legendas em amarelo na tela e uma versão em inglês. Ela disse que “todos sabem por que a filha correu atrás da pessoa”, sobre o episódio em que Zambelli ameaçou atirar em um homem na rua que lhe rendeu uma condenação a cinco anos de prisão em regime semiaberto por porte ilegal de arma de fogo e constrangimento ilegal.
Rita ainda questionou o bloqueio das redes sociais da filha e do neto e disse que “ele não está roubando nada de ninguém”. Citando Deus, ela pediu o fim da “perseguição”, citou a “depressão profunda que a filha teve” e questionou: “Vocês estão com medo dela? Mas vocês deveriam ter medo dos quase um milhão de pessoas que colocaram ela lá”.
João afirmou que está sem contato com a mãe e não consegue falar com ela. “Eu me pergunto: será que, se minha mãe fosse de alguma facção criminosa, ela seria libertada? Creio que provavelmente sim”, disse.
Na legenda, o filho de Zambelli escreveu ainda que ela vive no exílio, “obrigada a deixar o Brasil para fugir da ditadura da toga que se instalou em nosso país. Não cometemos crime algum, apenas exercemos o direito de pensar diferente, de discordar, de lutar por um Brasil livre”.
“A injustiça que estamos vivendo é o retrato de um sistema que perdeu a vergonha. Mas não vamos nos calar”, acrescentou. A legenda divulga ainda um novo perfil de Carla Zambelli no Substack, rede destinada à publicação de textos longos e newsletters.
Antes de sair do Brasil, a parlamentar afirmou que deixava sob responsabilidade do filho e da mãe dela os cuidados com suas redes sociais e seu legado político. Zambelli chegou a publicar que sua mãe era pré-candidata a deputada federal no próximo ano.
“Da mesma forma, meu filho, João Zambelli, também dará seguimento a esse legado, em 2028, como pré-candidato à vereança de São Paulo, assegurando que minha luta não seja esquecida, caso, de fato, eu venha a ser calada pelo sistema”, publicou na ocasião.
Nesta quinta, a deputada federal foi incluída na lista de difusão vermelha da Interpol. Ela se tornou a sétima brasileira na relação, que tem ainda 65 homens do país.