A defesa da influenciadora digital e empresária Virginia Fonseca se manifestou publicamente nesta terça-feira (10) após o nome da criadora de conteúdo ser incluído no pedido de indiciamento da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Apostas Esportivas, que tramita na Câmara dos Deputados. Em nota, os advogados classificaram a decisão como “injustificável” e disseram estar “estarrecidos” com a inclusão de Virginia no relatório final da comissão.
O relator da CPI, deputado Felipe Carreras (PSB-PE), apresentou o relatório que sugere o indiciamento de dezenas de pessoas, entre influenciadores, jogadores de futebol, empresários e dirigentes de casas de apostas. Segundo ele, Virginia Fonseca teria divulgado, em seu perfil nas redes sociais, plataformas de apostas supostamente envolvidas com esquemas fraudulentos — o que, na avaliação do relator, configuraria possível associação a atividades ilícitas.
Espanto e indignação
Em resposta, a equipe jurídica de Virginia rechaçou qualquer ligação da influenciadora com práticas criminosas e afirmou que ela jamais teve envolvimento com a manipulação de resultados esportivos ou com as operações internas das casas de apostas que divulgou. “Causa espanto e indignação que se pretenda imputar qualquer responsabilidade penal a alguém que apenas prestou serviço publicitário, como fazem milhares de criadores de conteúdo em todo o país”, diz um trecho da nota.
Os advogados ressaltaram ainda que todos os contratos firmados por Virginia Fonseca com empresas do setor de apostas foram feitos dentro da legalidade, com cláusulas que previam conformidade com a legislação vigente e sem qualquer ingerência na gestão das plataformas. “É absolutamente leviano e perigoso usar uma CPI para criminalizar a atividade de influenciadores digitais, sem que haja qualquer indício concreto de dolo ou participação em atos ilícitos”, afirmou a defesa.
Influência e responsabilidade
Virginia Fonseca é uma das personalidades mais seguidas do Brasil, com mais de 45 milhões de seguidores nas redes sociais. Ao longo dos últimos anos, construiu um império digital que vai além da publicidade, incluindo empresas nos ramos de cosméticos, moda e comunicação.
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A inclusão do nome de Virginia no relatório da CPI reacende o debate sobre a responsabilidade dos influenciadores na divulgação de produtos e serviços — especialmente em áreas sensíveis como apostas, criptomoedas e finanças. Parlamentares alinhados à CPI sustentam que, mesmo sem dolo, a promoção de plataformas envolvidas em irregularidades pode configurar negligência ou conivência.
Próximos passos
O relatório final da CPI será votado pelos membros da comissão e, caso aprovado, encaminhado ao Ministério Público, que decidirá se acata ou não os pedidos de indiciamento. A defesa de Virginia já adiantou que tomará todas as medidas judiciais cabíveis para contestar a inclusão de seu nome e reiterou sua disposição para colaborar com as autoridades, caso seja convocada.
Enquanto isso, o caso continua repercutindo nas redes sociais e entre especialistas em direito digital e publicidade. Para alguns, o episódio pode estabelecer um marco importante sobre os limites da atuação de influenciadores e a necessidade de maior regulamentação do setor.