O governo Donald Trump discutiu uma medida incomum para adquirir uma participação acionária da Intel como parte de um plano para revitalizar a problemática fabricante de chips norte-americana.
A proposta surgiu após o presidente Donald Trump se reunir com o CEO da Intel, Lip-Bu Tan, no início desta semana, segundo uma pessoa familiarizada com a discussão, que alertou que os detalhes ainda estavam sendo elaborados e as negociações poderiam fracassar.
Uma possível aquisição americana de participação em uma empresa de capital aberto destaca a abordagem cada vez mais intervencionista do governo Trump em relação às empresas dos EUA.
As conversas sobre a Intel, que foram inicialmente reportadas pela Bloomberg, ocorrem após grupos de chips como Nvidia e AMD fecharem um acordo que lhes permitiria vender chips de inteligência artificial mais avançados na China em troca de oferecer 15% das receitas das vendas à China ao governo dos EUA.
As ações da Intel chegaram a subir mais de 7% na quinta-feira (14) após a divulgação do interesse do governo dos EUA.
No início deste ano, o governo também adquiriu uma chamada “golden share” (ação dourada) na US Steel como condição para aprovar sua aquisição pela japonesa Nippon Steel, dando a Washington poder de veto sobre decisões críticas.
A Intel recusou-se a comentar sobre as negociações, mas afirmou que busca fortalecer os laços com Trump. “A Intel está profundamente comprometida em apoiar os esforços do presidente Trump para fortalecer a liderança dos EUA em tecnologia e manufatura. Esperamos continuar nosso trabalho com o governo Trump.”
O porta-voz da Casa Branca, Kush Desai, tratou as informações como boatos. “Discussões sobre acordos hipotéticos devem ser consideradas especulação, a menos que sejam oficialmente anunciadas pela administração”, destacou.
Tan se reuniu com Trump junto com o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e o secretário do Tesouro, Scott Bessent, na segunda-feira (11), após o presidente, na semana passada, ter pedido a renúncia do CEO.
Trump elogiou Tan após a reunião e disse que seu governo realizaria conversas com a Intel e “traria sugestões para mim durante a próxima semana”.
Crucial para a decisão de se envolver com a Intel foi o desejo de Trump de revitalizar a fábrica da empresa em Ohio, disse uma pessoa com conhecimento da negociação.
Em 2022, a Intel afirmou que o local poderia se tornar a maior instalação de semicondutores do mundo, mas o planejamento foi repetidamente adiado. Tan assumiu o cargo principal em março, substituindo Pat Gelsinger, que havia investido pesadamente em manufatura e foi destituído pelo conselho da Intel.
Uma injeção de capital de Washington poderia ajudar a retomar o impulso e aliviar a pressão sobre uma empresa que já está cortando custos e reduzindo empregos.
O negócio de fabricação de chips da Intel incorreu em bilhões de dólares em perdas enquanto luta para competir com a taiuanesa TSMC. No mês passado, Tan disse que a empresa estava abandonando projetos de fabricação já pausados na Alemanha e na Polônia e desacelerando a construção em Ohio para lidar com as perdas.