A Meta concordou em comprar a produção de uma usina nuclear em Illinois, nos EUA, por duas décadas, marcando seu primeiro acordo desse tipo enquanto busca garantir eletricidade para alimentar seus projetos de inteligência artificial e data centers nos EUA.
O grupo de mídia social disse nesta terça-feira (3) que assinou um acordo com a Constellation Energy, operadora da maior frota de reatores nucleares convencionais nos EUA, para comprar a produção do Centro de Energia Limpa Clinton por 20 anos a partir de junho de 2027. O acordo ajudará a estender a vida útil da instalação além do prazo de expiração dos subsídios do governo estadual.
As grandes empresas de tecnologia estão correndo para garantir as vastas quantidades de eletricidade que se espera serem necessárias para atender à crescente demanda decorrente do boom da IA, levando essas empresas —e concessionárias— a também considerarem opções de geração de energia além dos combustíveis fósseis tradicionais.
O acordo surge enquanto o CEO da Meta, Mark Zuckerberg, tem investido bilhões de dólares no desenvolvimento de modelos e produtos de IA para a plataforma, na tentativa de se tornar o “líder em IA”.
As rivais da Meta, Amazon, Google e Microsoft, já haviam fechado acordos com operadoras de usinas nucleares recentemente, mas os planos da plataforma social para um acordo semelhante no ano passado foram frustrados por desafios ambientais e regulatórios, informou o Financial Times. Entre eles, Zuckerberg disse aos funcionários que a descoberta de uma espécie rara de abelha em um local próximo à usina onde um potencial centro de dados seria construído havia complicado o projeto.
A Constellation anunciou em setembro passado que reabriria sua usina nuclear de Three Mile Island na Pensilvânia após fechar um acordo de fornecimento de energia de 20 anos com a Microsoft. Uma das unidades da usina foi fechada em 1979 após um derretimento parcial que levou ao acidente nuclear mais grave da história dos EUA. No caso da Meta, Clinton já está em operação.
Em um impulso adicional para as perspectivas do setor nuclear dos EUA, o presidente Donald Trump assinou no mês passado uma ordem executiva para acelerar a construção de reatores, além de ajudar a financiar atualizações de energia para reatores existentes, em um esforço para quadruplicar a capacidade de energia atômica do país até 2050.
No início deste ano, a Constellation anunciou um acordo de quase US$ 27 bilhões (R$ 152,3 bilhões) para comprar a rival Calpine em uma fusão de duas das maiores geradoras de energia do país em meio ao aumento projetado na demanda por eletricidade estimulado pelo boom da IA.
Os detalhes financeiros do acordo de Clinton não foram divulgados. A Constellation disse em um comunicado que o acordo com a Meta permitiria que ela solicitasse novamente o relicenciamento federal e a operação contínua da usina, que está localizada no centro do estado, cerca de 250 km a sudoeste de Chicago.
A Constellation também disse que a parceria expandiria a produção de energia limpa de Clinton em 30 megawatts, além de preservar 1.100 “empregos locais bem remunerados” e gerar US$ 13,5 milhões (R$ 76 milhões) em receita fiscal anual.
A usina de Clinton, que opera com prejuízo, estava programada para fechamento em 2017, mas foi mantida em funcionamento devido à promulgação da legislatura do estado de Illinois, que forneceu apoio financeiro até meados de 2027. O envolvimento da Meta assumirá onde os subsídios governamentais teriam expirado, permitindo a operação da instalação sem o apoio dos contribuintes.
O CEO da Constellation, Joe Dominguez, disse que a empresa estava “orgulhosa” de se associar à Meta porque “eles perceberam que apoiar o relicenciamento e a expansão de usinas existentes é tão impactante quanto encontrar novas fontes de energia”.
As ações da Constellation subiram cerca de 6% logo após a abertura de Wall Street nesta terça, enquanto a Meta subiu 0,1%.
Outras ações nucleares foram impulsionadas pela notícia da parceria da Constellation. As ações da Oklo, desenvolvedora de reatores modulares pequenos apoiada pelo CEO da OpenAI, Sam Altman, subiram 9%, enquanto a projetista de reatores NuScale Power subiu 8%. A Centrus Energy, uma empresa de combustível nuclear, subiu 7,5%.