Ator faleceu em casa, no Rio de Janeiro, enquanto dormia. Velório será reservado à família; artista marcou gerações com papéis emblemáticos na TV, teatro e cinema
O Brasil amanheceu de luto nesta quinta-feira (19) com a notícia da morte de Francisco Cuoco, um dos maiores nomes da história da televisão brasileira. O ator faleceu aos 90 anos, em sua residência no Rio de Janeiro, enquanto dormia. Segundo familiares, a morte foi tranquila e por causas naturais.
O corpo será velado em cerimônia reservada à família e amigos próximos, nesta sexta-feira (20), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, zona sul carioca. O sepultamento acontecerá no mesmo local, em um momento de comoção e homenagens ao artista que marcou gerações.
Uma trajetória dedicada à arte
Nascido em 29 de novembro de 1933, no Rio de Janeiro, Francisco Cuoco formou-se em Direito, mas o palco e as câmeras falaram mais alto. Seu talento artístico foi revelado na juventude, e sua estreia profissional se deu no início da década de 1960, na extinta TV Tupi. Rapidamente, se destacou e logo integrou o elenco da Rede Globo, onde se tornaria um dos principais rostos da teledramaturgia nacional.
Com uma presença marcante, voz grave e olhar penetrante, Cuoco se transformou em galã absoluto das novelas nos anos 1970 e 1980, protagonizando obras que entraram para a história da televisão brasileira. Entre seus trabalhos mais lembrados estão:
- “Pecado Capital” (1975), de Janete Clair, em que viveu Carlão, um taxista honesto envolvido em um dilema moral após encontrar uma mala de dinheiro;
- “O Astro” (1977), em que interpretou Herculano Quintanilha, um vidente charmoso e enigmático;
- “Coração Alado” (1980), onde deu vida ao personagem Juca Pitanga;
- “Celebridade” (2003), como o poderoso Lineu Vasconcelos.
No teatro, Cuoco também foi atuante, trabalhando com nomes como Ziembinski e Antunes Filho. No cinema, participou de produções como O Crime do Zé Bigorna (1977), e mais recentemente, Assalto ao Banco Central (2011).
Do galã ao mestre: a evolução de Cuoco nas telas
Ao longo das décadas, Cuoco soube reinventar-se. De galã romântico e herói popular, passou a interpretar pais de família, empresários, políticos e até vilões com camadas dramáticas. A capacidade de se adaptar ao tempo e aos papéis o manteve relevante mesmo nos anos 2000 e 2010.
Em Sol Nascente (2016), interpretou um dos protagonistas, o patriarca Tanaka. Já em A Dona do Pedaço (2019), fez uma participação especial como o justiceiro Josiel. Seu último trabalho inédito na televisão foi em 2021, com a série Sob Pressão, na Globo, onde fez uma participação simbólica, em tom de homenagem.
Mesmo com a idade avançada, Cuoco nunca se aposentou oficialmente e dizia que “o palco era sua casa e o trabalho, sua vitalidade”.
Homenagens emocionadas
A notícia da morte de Francisco Cuoco causou grande repercussão no meio artístico. Diversos atores, atrizes, diretores e fãs usaram as redes sociais para prestar homenagens ao artista.
A atriz Susana Vieira, com quem contracenou em várias novelas, escreveu:
“Cuoco foi meu maior parceiro de cena. Tivemos histórias dentro e fora da TV. O Brasil perde um mestre da atuação.”
Tony Ramos, emocionado, disse à imprensa:
“Francisco Cuoco é parte da história da televisão. Um homem elegante, generoso e brilhante. Uma escola viva de interpretação. Fará falta.”
Já a atriz Glória Pires destacou a importância do colega:
“Tive o privilégio de aprender vendo Francisco Cuoco trabalhar. Um gigante nos palcos e na vida.”
Além do meio artístico, o público também se manifestou em massa nas redes, com postagens relembrando personagens marcantes do ator. Cenas de novelas clássicas ganharam destaque e circularam entre os internautas como forma de tributo.
Legado eterno
Com mais de 80 obras no currículo, Francisco Cuoco deixa um legado imensurável para a dramaturgia brasileira. Sua imagem estará para sempre associada à fase de ouro das novelas, ao profissionalismo e à paixão pelo ofício de atuar.
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Ele foi referência para novas gerações de atores e continuará sendo estudado e reverenciado nas escolas de teatro, nas reprises de novelas e na memória afetiva do povo brasileiro.
Francisco Cuoco deixa três filhos e netos, além de uma nação inteira que o aplaude de pé por tudo que representou na cultura nacional.