Os americanos querem desesperadamente que as baterias de seus smartphones durem mais, segundo pesquisas da YouGov e executivos de empresas de celular.
Mas o iPhone mais chamativo apresentado pela Apple nesta terça-feira (9), o iPhone Air, tem um design fino e leve que só deixa espaço para uma bateria com menos carga.
Reportagens anteriores já indicaram que talvez ele não dure um dia inteiro antes de você precisar conectá-lo na tomada. A Apple afirmou que o iPhone Air tem “bateria para o dia inteiro”. Um representante não respondeu de imediato a perguntas.
A Samsung também começou a vender um smartphone mais fino —e com bateria comprometida— em maio.
Mas já existem smartphones à venda que são finos, leves e permitem que você fique dois dias ou mais sem precisar recarregar. Eles usam uma tecnologia relativamente nova para aumentar a capacidade da bateria e vêm principalmente de marcas chinesas de smartphones.
NOVAS BATERIAS PARA NOSSO USO CONSTANTE DO CELULAR
Nos últimos anos, um número crescente de smartphones começou a usar uma variação das baterias de íons de lítio que alimentam nossos celulares recarregáveis, notebooks, carros elétricos e marcapassos.
Reeja Jayan, professora de engenharia mecânica na Carnegie Mellon University, comparou uma bateria de íons de lítio a um sanduíche. Essas novas baterias acrescentam um elemento chamado silício ao material de carbono típico em uma das “fatias de pão” metafóricas.
Adicionar silício pode armazenar mais energia no mesmo espaço em comparação com uma bateria recarregável convencional, disse Jayan. Precisamos de baterias melhores para acompanhar nosso uso constante do celular, incluindo recursos que exigem muita energia, como inteligência artificial e vídeo em streaming.
Um exemplo da diferença que essas novas baterias podem fazer: no OnePlus 13, um smartphone de ponta de um fabricante chinês que usa baterias de silício-carbono, a bateria demorou quase 20 horas para acabar, segundo testes do site de tecnologia Tom’s Guide.
Isso foi duas horas e meia a mais que a duração da bateria do iPhone 16 Pro Max, o modelo topo de linha da Apple cujo preço inicial era US$ 300 mais caro que o do OnePlus 13.
O representante da Apple não respondeu de imediato a uma pergunta sobre o teste da bateria.
Se as novas tecnologias de bateria se tornarem amplamente usadas, disse Jayan, você poderá precisar carregar o celular apenas uma vez por semana. “É isso que é transformador nessa tecnologia”, disse ela.
A tecnologia também permitiu que empresas chinesas como OnePlus, Honor e Xiaomi ousassem mais, lançando celulares que se desdobram em telas finas de tamanho similar a tablets.
Meu colega do Washington Post, Chris Velazco, gostou tanto de um desses aparelhos, o Honor Magic V5, que praticamente abandonou seu iPhone. Ele diz que frequentemente consegue passar quase dois dias sem precisar conectar o celular na tomada.
Como acontece com muitas marcas chinesas, não é fácil comprar aparelhos da Honor nos Estados Unidos. Chris trouxe o dele de Hong Kong.
E QUANTO À APPLE E À SAMSUNG?
As duas maiores fabricantes de celulares do mundo raramente são as primeiras a usar as tecnologias mais novas de bateria (ou de qualquer outra coisa). Elas não estão usando baterias de silício-carbono. A Apple e a Samsung vão levar o tempo necessário para garantir que as baterias de silício-carbono —ou outros tipos novos— funcionem perfeitamente e a custos acessíveis.
As desvantagens das baterias de silício-carbono, pelo menos por enquanto, são que custam mais para os fabricantes e normalmente têm uma vida útil mais curta do que as baterias de íons de lítio convencionais.
Isso significa que, depois de alguns anos, um celular com esse tipo de bateria pode ficar mais lento ou a carga não vai durar tanto.
A Apple e a Samsung também não precisam se esforçar tanto quanto empresas menores para chamar sua atenção com recursos inéditos.
E todos os smartphones estão sendo adaptados para oferecer mais desempenho com a mesma ou melhor duração de bateria, disse Rajiv Nambiar, vice-presidente sênior de engenharia da Qualcomm, cujos chips alimentam a maioria dos celulares. Ele disse que as pessoas se recusam a abrir mão de ter um celular que faça tudo sem sacrificar duração da bateria ou design fino.
Jayan também disse que as baterias de silício-carbono são apenas um vislumbre do florescimento da inovação em tecnologia de baterias —que até agora tem sido dominada pela China.
As novas ideias podem trazer eletrônicos, carros, sistemas de armazenamento doméstico de energia e tecnologias de defesa, como drones, mais capazes, acessíveis e menos nocivos, disse Jayan, que fundou uma startup de baterias.
Jayan também disse que está pessoalmente ansiosa pela maior duração de bateria que as novas tecnologias podem trazer. Ela frequentemente esquece de recarregar seus aparelhos antes que fiquem sem carga.
Eu uso um aplicativo que consome muita energia para observar pássaros e sempre carrego uma bateria portátil para não ficar sem energia. Eu não quero precisar fazer isso.