A Perplexity AI está oferecendo aos veículos de imprensa a oportunidade de compartilhar a receita gerada por seus artigos, enquanto a empresa busca lidar com críticas e ações judiciais de alguns grupos de mídia pelo uso de seus conteúdos.
A startup, que está construindo um mecanismo de busca com inteligência artificial para competir com o Google, reservou US$ 42,5 milhões para serem distribuídos entre os publishers participantes do programa, segundo o presidente-executivo Aravind Srinivas.
“A IA está ajudando a criar uma internet melhor, mas os publishers ainda precisam ser remunerados”, disse ele. “Achamos que esta é a solução certa e estamos dispostos a fazer ajustes ao longo do caminho.”
O setor de mídia tem travado choques com empresas de inteligência artificial diante da preocupação de que respostas geradas por ferramentas como o ChatGPT, da OpenAI, e o AI Overviews, do Google, estejam reduzindo o tráfego para seus sites.
Jessica Chan, chefe de parcerias com publishers da Perplexity, afirmou em entrevista que o modelo tradicional em que os veículos dependem de cliques e audiência online é “um modelo antigo”.
“Queremos apenas criar um novo padrão de compensação”, disse ela.
No novo programa, publishers poderão ganhar dinheiro quando seus conteúdos receberem tráfego no navegador Comet, da Perplexity, aparecerem em consultas de busca no Comet ou forem usados para concluir tarefas no assistente de IA do navegador.
Os fundos para remunerar os publishers virão da receita do Comet Plus, uma nova assinatura do navegador que Srinivas descreveu como semelhante ao Apple News+, da Apple.
Clientes pagarão US$ 5 por mês para acessar uma seleção curada de conteúdos dos publishers do programa. Os veículos ficarão com 80% da receita, enquanto a Perplexity ficará com o restante.
Embora empresas como OpenAI e Google tenham feito acordos multimilionários individualizados com grandes publishers para licenciar e distribuir conteúdo, a Perplexity é uma das primeiras startups de IA a introduzir um modelo de divisão de receita baseado na frequência com que os conteúdos aparecem ou ajudam em consultas de usuários.
Chan não revelou quais publishers já participam, mas afirmou que a empresa negocia com antigos parceiros de mídia. A startup já havia colaborado com veículos como Time, Los Angeles Times e Fortune em um programa de divisão de receita publicitária.
A Perplexity também já enfrentou conflitos com algumas organizações de mídia, incluindo acusações da Forbes e da Condé Nast de uso de seus conteúdos em resumos de notícias por IA sem permissão.
Na semana passada, a empresa perdeu uma tentativa de encerrar um processo por violação de direitos autorais movido pela Dow Jones e pelo New York Post, ambos do grupo News Corp.
“Estamos confiantes de que as empresas de IA vencerão todos esses processos”, disse o porta-voz da Perplexity, Jesse Dwyer, em comunicado. “Queremos resolver essa questão legal o quanto antes, para que todos possam se beneficiar da IA.”
A companhia de cibersegurança Cloudflare também acusou a Perplexity de contornar bloqueios de sites para coletar dados. A startup argumenta que seu assistente não faz varreduras automáticas da web, mas acessa sites individualmente a pedido do usuário e, portanto, não deveria estar sujeito às mesmas regras.
“Quando as pessoas usam agentes de IA como o nosso para ‘ir ler algo em seu lugar’”, disse Srinivas, “isso é diferente de um crawler da web” que baixa informações para treinar um novo modelo de IA.
A Perplexity, que levantou US$ 100 milhões no mês passado a um valuation de US$ 18 bilhões, também chamou atenção recentemente com uma oferta de US$ 34,5 bilhões para adquirir o navegador Chrome, do Google, enquanto a gigante das buscas enfrenta a possibilidade de ser obrigada a vender a ferramenta em processos antitruste nos EUA.
Embora alguns críticos tenham tratado a proposta como pouco séria, Srinivas disse que a Perplexity conta com “pessoas bem financiadas dispostas a nos apoiar”.
“Ainda não tivemos retorno do Google”, afirmou.