A Apple registrou receita melhor do que o esperado para o trimestre encerrado em junho, com as vendas do iPhone crescendo e a empresa ganhando espaço na China.
O CFO Kevan Parekh disse ao Financial Times que houve “algumas evidências” de que as vendas foram impulsionadas por clientes que fizeram pedidos para se antecipar às tarifas dos EUA no início do trimestre.
A receita aumentou cerca de 10% em relação ao ano anterior, chegando a US$ 94 bilhões, acima das estimativas de US$ 89,3 bilhões. As vendas globais do iPhone aumentaram 13,5% em relação ao ano anterior, atingindo US$ 44,6 bilhões.
“Os três grandes impulsionadores do nosso desempenho no trimestre [foram o] iPhone, Mac e serviços”, acrescentou Parekh. Ele estimou que o impulso relacionado às tarifas devido às compras antecipadas valeu “cerca de um ponto [percentual] dos 10% ano a ano”.
Os fortes resultados são um impulso para a Apple, que foi afetada pela agenda de comércio e tarifas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, desde seus anúncios do “Dia da Libertação” em abril, que eliminaram cerca de US$ 700 bilhões de sua capitalização de mercado.
A empresa espera cerca de US$ 1,1 bilhão em custos relacionados a tarifas neste trimestre, assumindo que as taxas atuais não mudem antes de setembro, disse o CEO Tim Cook.
A Apple sofreu um impacto de US$ 800 milhões devido à interrupção comercial durante os primeiros três meses do ano, menor que os US$ 900 milhões que havia previsto.
As ações da Apple subiram cerca de 3% nas negociações após o fechamento do mercado.
A empresa disse que sua margem bruta, que está sendo observada de perto para sinais de custos tarifários pesando sobre a lucratividade, foi de 46,5% no trimestre —melhor que as estimativas de 46%.
No entanto, a política comercial dos EUA em relação a dois dos países mais importantes na extensa cadeia de suprimentos da Apple, China e Índia, permanece em fluxo, com Trump ameaçando uma tarifa de 25% sobre a Índia já nesta sexta-feira (1º).
As ações da Apple caíram 17% desde o início do ano antes do relatório de lucros, destacando-a de pares como Nvidia, Microsoft e Meta, que obtiveram ganhos substanciais.
Em seu último balanço em maio, a Apple disse que esperava incorrer em um custo de US$ 900 milhões para o trimestre encerrado em junho decorrente das tarifas.
As vendas da Apple na China também sofreram com a concorrência de fabricantes locais de aparelhos como Huawei e Xiaomi. No entanto, a receita da China aumentou 4% no trimestre em relação ao ano anterior, atingindo US$ 15,4 bilhões e revertendo uma tendência de declínios trimestrais.
Cook disse aos analistas que o crescimento na China foi impulsionado pelo iPhone, com alguns dos produtos da Apple se beneficiando de um novo programa de subsídios governamentais para smartphones.
A receita de serviços, que inclui a App Store, iCloud e Apple Pay, foi de US$ 27,4 bilhões, um aumento de cerca de 13% em relação ao ano anterior, continuando seu crescimento de dois dígitos.
O lucro por ação foi de US$ 1,57, em comparação com as estimativas de consenso de US$ 1,43, enquanto o lucro líquido também aumentou para US$ 23,4 bilhões, em comparação com os US$ 21,4 bilhões esperados.
A Apple também está aumentando seus gastos em inteligência artificial. Investidores expressaram preocupações de que ela está ficando para trás na corrida para desenvolver a tecnologia, enquanto rivais dedicam grandes somas ao treinamento de modelos, construção de centros de dados e contratação de talentos de ponta.
Cook disse que a Apple está aumentando seus investimentos em IA. “Fizemos isso durante o trimestre de junho, faremos novamente no trimestre de setembro”, disse ele aos analistas, sem fornecer números específicos.
A empresa, acrescentou, está realocando “um bom número de pessoas para se concentrar em recursos de IA… estamos colocando toda a nossa energia nisso”.
A Apple gastou US$ 8,8 bilhões em pesquisa e desenvolvimento nos três meses até junho, cerca de US$ 800 milhões a mais do que no ano anterior.