Quando chegam as noites frias, resta zero dúvida de que sopa é janta, sim, e para caramba. Tudo o que o corpo pede é uma cumbuca de sopa quente.
O problema é que alguém precisa fazer a sopa —e a vontade de comer sopa costuma ser inversamente proporcional à disposição para cozinhar.
É sempre possível apelar para o bufê de sopas da padaria mais próxima. Cada um faz o que bem entende, mas para mim é um ambiente que aniquila quaisquer resquícios de alegria e vontade de viver.
Receitas de sopa podem ser um pesadelo de complexidade. Muitas delas envolvem caldos feitos com aparas e ossos de frango, boi, porco ou peixe, coisas que precisam ser cozidas por horas.
É assim com o lámen, o cappelletti in brodo (vulgo sopa de capelete) e a sopa francesa de cebola —esta, com os perrengues adicionais de dourar lentamente a cebola e gratinar a sopa com queijo no final.
E, claro existem as sopas prontas, em lata ou em pó no saquinho. Mas não considero uma opção válida.
Vou partir da premissa de que você não tem sopa pronta no congelador e, assim como eu, não se rende à padoca e aos ultraprocessados. Dá para fazer sopa em casa em coisa de meia hora, mais ou menos.
Eu tenho uma tara particular por sopa de feijão. Por feijão de modo geral, na realidade. Só que é algo demorado para fazer se você começa com o caroço seco.
Aí é que entra uma pequena gambiarra que eu considero plenamente justa. Tenho sempre feijão cozido na despensa —desses que você compra pronto no supermercado, embalado a vácuo ou na caixinha tetrapak.
“Alá, o cara tava agorinha malhando os ultraprocessados.” Aí está a questão: esses produtos não são ultraprocessados. São apenas grãos cozidos em água e, se temperados, acrescidos de um pouco de sal, alho e cebola.
Vai por mim: o feijão cozido do armário já me salvou várias vezes da minha própria preguiça, como no dia em que decidi fazer a receita que apresento aqui.
Sinta-se à vontade para interpretar e mudar a receita ao seu gosto. Eu a fiz com o que tinha em casa, incluindo meia cenoura, um salame e uma linguiça curada que residiam na geladeira.
Você pode trocar a cor do feijão ou o feijão por grão-de-bico, talvez lentilha. Pode acrescentar macarrão, ótima ideia. Adicionar legumes ou verduras, melhor ainda. Substituir a linguiça por bacon ou omitir totalmente a carne.
Afinal, cada um é livre para fazer o que der na telha —e com as sobras que garimpar na própria geladeira.
Sopa gambiarra
Ingredientes
2 colheres (sopa) de azeite
3 dentes de alho picados
1 cebola picada
½ cenoura picada
70 g de linguiça curada ou salame, em fatias
1 colher (sopa) de páprica doce ou defumada
1 colher (sopa) de extrato de tomate
100 ml de vinho branco seco
2 folhas de louro
1 punhado de folhas de sálvia
750 g de feijão branco cozido, com caldo
Sal a gosto
Preparo
Aqueça o azeite em fogo médio. Refogue o alho, a cebola e a cenoura
Junte a linguiça e refogue por cerca de 3 minutos. Junte a páprica e o extrato de tomate. Refogue por mais 2 minutos
Adicione o vinho, as ervas e 1 copo de água. Cozinhe por cerca de 20 minutos
Acrescente o feijão e cozinhe até obter a consistência desejada. Se quiser, junte mais água. Acerte o sal e sirva quente
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