A OpenAI anunciou nesta quinta-feira (7) o lançamento de seu novo modelo de inteligência artificial, o GPT-5. Para isso, a empresa levou ao palco uma mulher com câncer, apenas apresentada como Carolina. O motivo foi ilustrar os recursos para consultas sobre questões de saúde na nova versão, que, segundo a companhia, é a melhor para esse e outros tipos de uso.
A mulher, contudo, usou uma versão anterior do chatbot durante seu tratamento. Ela começou contando como recorreu ao ChatGPT desde que recebeu seus primeiros exames e, embora reconhecesse a expressão “carcinoma invasivo”, não entendia nada além disso —e usou a IA para conseguir compreender os exames. Ao lado do marido e do CEO da OpenAI, Sam Altman, Carolina disse que o robô a ajudou a tomar “decisões informadas” em momentos quando não havia consenso médico sobre seu caso.
Especialistas têm alertado que a inteligência artificial pode ser útil para auxiliar médicos em diagnósticos, mas pode ser perigosa quando usada por leigos no assunto, já que há atrasos de atualização, por exemplo.
A OpenAI afirma, em comunicado, que o ChatGPT não substitui um profissional. “Pense nele como um companheiro para ajudar a entender os resultados de exames e fazer as perguntas certas aos profissionais de saúde.”
A empresa anunciou a melhora em outros recursos de seu modelo, que começa a ficar disponível para usuários a partir desta quinta, mesmo para quem não assina os planos pagos. Quem pagar, contudo, vai ter garantidos limites de uso maior e acesso ao GPT-5 Pro. O GPT-5 é classificado como um modelo de “raciocínio profundo”.
A OpenAI disse ainda que vai aposentar os outros modelos. Antes do anúncio, a empresa já tinha afirmado que sabia que alternar entre tantas versões de seus produtos tinha ficado complicado para os usuários. O novo modelo consegue decidir quais recursos usar a depender da complexidade do que o usuário estiver pedindo.
Sam Altman diz que usar o modelo é como ter “uma equipe de especialistas com doutorado” no bolso. A nova versão promete ser mais eficiente em tarefas como programação, escrita e em tarefas complexas, o que inclui o chamado “poder de agência” —que é quando um bot consegue tomar decisões próprias sem precisar receber um comando claro para isso, com o objetivo de atingir um objetivo final.
O modo agente, que a OpenAI lançou em julho, permite conectar o chatbot a contas de emails, agendas e outros serviços. Pesquisadores da companhia também disseram que o GPT-5 apresentou uma frequência de alucinações 26% menor do que o GPT-4o.
“O novo modelo simplifica um bocado a experiência do usuário. E mata a ideia de que você precisa ser engenheiro de ‘prompts’, porque os ‘prompts’ são cada vez mais simples, ele claramente interpreta melhor a vontade do usuário”, diz o professor do Insper e consultor de IA Pedro Burgos.
No anúncio, executivos da empresa também mostraram como o novo modelo se comporta escrevendo código para a criação de software. Em certo momento, chat foi usado para criar um aplicativo para aprender francês.
Para Burgos, se a OpenAI já liderava o mercado de chatbots, as capacidades de programação do novo modelo podem fortalecer a empresa nesse campo. No anúncio, a companhia divulgou falas de endosso de CEOs de startups especializadas em programação assistida por IA, como a Cursor e a Lovable
Quanto às capacidades de redação —tema de sucessivos debates—, a OpenAI promete “profundidade literária e ritmo”.
Sam Altman disse que o novo modelo coloca a empresa no caminho da chamada inteligência artificial geral, um conceito abstrato usado pela indústria para se referir a um modelo ideal que superaria as capacidades humanas. Não há, contudo, consenso científico sobre o que seria a inteligência para saber exatamente o que seria a superação dela.
O anúncio do GPT-5 vem na mesma semana em que a OpenAI lançou dois modelos abertos, compartilhados de forma grátis com desenvolvedores, pesquisadores e empresas ao redor do mundo. A decisão veio seis meses depois dos avanço da chinesa DeepSeek, que causou impacto com a divulgação de seu modelo aberto, com desempenho comparável a alguns produtos da OpenAI.
Desde o lançamento público do Chat GPT, três anos atrás, a empresa americana vinha mantendo a pesquisa e a tecnologia por trás de seus modelos em cada vez mais segredo.