Larry Ellison, cofundador da Oracle, chegou a ultrapassar Elon Musk para se tornar a pessoa mais rica do mundo depois que as ações da empresa de tecnologia dispararam mais de 30% nesta quarta-feira (10), impulsionadas pelo boom da inteligência artificial.
A fatia de Ellison na empresa de companhia chegou ao valor de mais de US$ 386 bilhões (R$ 2,08 trilhões) nesta quarta. A cifra supera o patrimônio líquido total de Musk de aproximadamente US$ 384 bilhões (R$ 2,07 trilhões), de acordo com o Índice de Bilionários da Bloomberg.
No entanto, a subida das ações da Oracle perdeu força durante a tarde, deixando a participação de Ellison avaliada em US$ 378 bilhões no fechamento dos mercados americanos.
A CEO da Oracle, Safra Catz, celebrou um “trimestre surpreendente” nos resultados trimestrais divulgados na terça-feira (9) à noite, que incluíram o grupo assinando “quatro contratos de vários bilhões de dólares com três clientes diferentes” nos três meses até o final de agosto.
Esses acordos ajudaram a elevar o caixa da Oracle, que se refletirão em receitas futuras, para US$ 455 bilhões no trimestre (R$ 2,46 trilhões), superando as expectativas dos analistas e acima dos US$ 138 bilhões do período anterior (R$ 746 bilhões).
O salto na riqueza de Ellison ocorre enquanto o negócio mais valioso de Musk, a Tesla, está enfrentando dificuldades em meio a uma reação negativa dos consumidores sobre o envolvimento do bilionário com o governo Trump e preocupações dos investidores sobre o cancelamento de iniciativas de carros elétricos pelo presidente.
O preço das ações da Tesla caiu um quarto desde dezembro. A participação de 16% de Musk na empresa vale atualmente cerca de US$ 187 bilhões (R$ 1 trilhão).
A Oracle, que demorou a direcionar seu negócio para serviços de computação em nuvem, beneficiou-se de um aumento na demanda por infraestrutura de data center de startups de IA e outros grandes grupos de tecnologia.
Wall Street estava preparada para um aumento no caixa após a divulgação de um novo contrato de US$ 30 bilhões por ano que a Oracle assinou em julho, mas não havia previsto um aumento tão acentuado em seu livro de negócios futuros.
Neste ano, a Oracle assinou um acordo para se associar à OpenAI e SoftBank no projeto Stargate de US$ 500 bilhões.
“Os extraordinários US$ 332 bilhões [R$ 1,8 trilhão] em reservas no primeiro trimestre da Oracle representam não apenas o maior número de reservas que já vimos em software, mas uma mudança fundamental no modelo de negócios para operador de data center”, disse Keith Weiss, analista da Morgan Stanley.
Antes do aumento de 38% nesta quarta-feira para US$ 328, o preço das ações da Oracle já havia subido mais de 40% este ano. Seu valor de mercado aumentou de US$ 678 bilhões (R$ 3,66 trilhões) para US$ 922 bilhões (R$ 4,9 trilhões).
Ellison possui 41% das ações da empresa.
Em uma teleconferência com investidores nesta terça-feira, Catz disse que a Oracle havia assinado “contratos significativos de nuvem com um quem é quem da IA, incluindo OpenAI, xAI, Meta, Nvidia, AMD e muitos outros”.
A receita de seu negócio de infraestrutura saltaria de US$ 18 bilhões (R$ 97,3 bilhões) neste ano para US$ 144 bilhões (R$ 779 bilhões) em cinco anos, ela previu. A previsão foi quase 60% superior aos US$ 91 bilhões (R$ 492,3 bilhões) esperados por Wall Street.
Em comparação, a receita da Amazon Web Services, a maior empresa de nuvem, ultrapassou US$ 107 bilhões (R$ 579 bilhões) em seu último ano completo.
O rápido crescimento deixou os analistas de Wall Street questionando como a Oracle será capaz de adicionar capacidade de computação rápido o suficiente para lidar com a nova demanda, em um momento em que a maioria das empresas de nuvem tem reclamado de escassez de chips.
Empresas concorrentes de computação em nuvem como Amazon, Microsoft e Alphabet, junto com a Meta, estão a caminho de gastar mais de US$ 350 bilhões entre elas este ano em data centers e outra infraestrutura de IA, e mais de US$ 400 bilhões em 2026.
A Oracle elevou sua previsão de gastos de capital para seu ano fiscal até o final de maio do próximo ano em US$ 10 bilhões (R$ 54,1 bilhões), para US$ 35 bilhões (R$ 139,3 bilhões)
Catz afirmou que a empresa conseguia gerar receitas mais altas com menos gastos de capital do que os concorrentes porque não investe em edifícios e usa seus equipamentos de computação de forma mais eficiente. “Não quero chamar de leve em ativos, mas é bastante leve em ativos.”
A Oracle surgiu como um player significativo no mercado de nuvem graças às pesadas demandas de computação para treinar novos modelos de IA para um punhado de clientes.
Mas Ellison disse que o aumento na demanda futura refletia uma escassez de computação para executar modelos de IA após terem sido treinados, conhecido como inferência.
“As pessoas estão ficando sem capacidade de inferência”, disse ele na teleconferência com analistas. “O mercado de inferência é muito maior que o mercado de treinamento.”
Para o último trimestre, a Oracle relatou um ganho de 12% na receita, para US$ 14,9 bilhões (82,6 bilhões), ligeiramente abaixo dos US$ 15 bilhões (R$ 81,1 bilhões) que Wall Street esperava. O lucro líquido ajustado aumentou 8% para US$ 4,3 bilhões (R$ 23,2 bilhões), superior às expectativas dos analistas.
Em julho, descobriu-se que a OpenAI havia concordado em alugar 4,5 gigawatts de poder de computação da Oracle em um acordo no valor de aproximadamente US$ 30 bilhões por ano.
A medida implicará que a Oracle desenvolva múltiplos data centers nos EUA para satisfazer as demandas de processamento computacional da startup, tendo já chegado a um acordo para fornecer um site de 1,2 GW em Abilene, Texas.