Herus Guimarães Mendes tinha 24 anos e trabalhava como office boy em imobiliária. Polícia diz que foi atacada por criminosos na comunidade. Pais de Herus foram ao velório do filho com uma foto do jovem com o filho e o crachá da empresa onde ele trabalhava
Reprodução/ TV Globo
O corpo de Herus Guimarães Mendes, de 24 anos, foi enterrado neste domingo (8) no Cemitério São João Batista, na Zona Sul do Rio.
Ele foi morto por tiros disparados em uma ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope) da PM em uma festa junina na Morro do Santo Amaro, no Catete. Outras cinco pessoas ficaram feridas no tiroteio — apenas um seguia internada.
Segundo moradores, a comunidade recebia um encontro de quadrilhas juninas, que vieram de várias regiões do estado.
Herus Mendes tinha 24 anos e trabalhava como office boy em uma imobiliária. Ele deixa um filho de 2 anos.
A mãe de Herus, Monica Guimaraes Mendes, afirmou que a polícia dificultou o socorro e que o jovem foi acudido por amigos.
Corpo de Herus Guimarães é velado na manhã deste domingo (8)
Jefferson Monteiro/ TV Globo
“Todo mundo gritando, querendo socorrer o meu filho. Eu gritava pelo meu filho na janela, enquanto o telefone dele chamava. Eu sabia que tinha acontecido alguma coisa, mas não isso. Porque nenhuma mãe espera que isso aconteça. A gente acredita, até o último minuto, que ele só não estava atendendo o telefone”, afirmou Monica.
O pai de Herus disse que o rapaz levou dois tiros. Fernando cobrou explicações sobre a operação policial que ocorreu durante a festa.
“Estamos reunindo o pouco de força que temos, com amigos e familiares, porque a gente vai ter que seguir cuidando dele [do filho de Herus]. Nós vamos ajudar a criá-lo, porque é uma semente que meu filho deixou para nós”, afirmou.
Herus Guimarães Mendes, morto durante uma operação policial no Morro Santo Amaro
Reprodução
A família decidiu sepultá-lo com a camisa e a bandeira do Flamengo. Os colegas de trabalho de Herus também foram ao cemitério.
“Era um menino com quem a gente brincava muito, só falava de futebol. Muito gente boa, educado. Ele estava sempre alegre e falando coisas boas”, disse Anderson Luís, que trabalhava com Herus.
Tiros durante protesto
À tarde, após o enterro de Herus, os pais do jovem e moradores fizeram um protesto contra a violência nas favelas. Eles se reuniram na Rua Pedro Américo, no acesso ao Morro Santo Amaro.
O ato foi interrompido quando um motorista de carro tentou avançar sobre os manifestantes e disparou ao menos 2 vezes para o alto (veja abaixo).
“Tá armado, tá armado”, gritou uma pessoa.
Tiros dispersam protesto contra a violência no Morro Santo Amaro após enterro de jovem
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PM diz que operação era emergencial
O governador do RJ, Cláudio Castro, afirmou que determinou o afastamento dos responsáveis pela operação.
“Me solidarizo com os familiares e amigos do jovem Herus Guimarães Mendes e das outras vítimas que foram atingidas durante a festa. Sei que palavras não vão trazer ninguém de volta e nem diminuir a dor de se perder um ente querido, mas fica aqui a minha tristeza e indignação”, afirmou Castro em uma rede social.
A PM disse, em nota, que o Bope realizou “uma ação emergencial para checar informações sobre a presença de diversos criminosos fortemente armados reunidos na comunidade se preparando para uma possível investida de criminosos rivais visando uma disputa territorial na região”.
Ainda segundo o comunicado, “criminosos atiraram contra os policiais nesta região, porém não houve revide por parte das equipes”.
No entanto, de acordo com a PM, “em outro ponto da comunidade, os criminosos atacaram as equipes novamente, gerando confronto”.
A Polícia Militar afirmou que os agentes usavam câmeras na farda e que as imagens serão enviadas à Corregedoria.