A OpenAI lançou seu primeiro modelo de inteligência artificial aberto desde o lançamento do ChatGPT, numa tentativa de enfrentar a crescente concorrência da startup chinesa DeepSeek e de outros players nessa tecnologia de ponta.
A empresa sediada em San Francisco, nos Estados Unidos, apresentou nesta terça-feira (5) dois modelos “open weight” —pesos abertos, ou seja, com os parâmetros do modelo treinado disponíveis publicamente— que serão gratuitos e customizáveis por desenvolvedores, oferecendo uma alternativa mais transparente aos modelos fechados atualmente disponíveis.
O lançamento ocorre seis meses após os avanços da DeepSeek causarem grande impacto com a divulgação de seu modelo aberto R1, em janeiro, cujo desempenho foi comparável ao de alguns produtos da OpenAI, desafiando a liderança do Vale do Silício na corrida global da IA.
Dias após a apresentação do R1, o CEO da OpenAI, Sam Altman, afirmou que a empresa “estava do lado errado da história nesse ponto e precisava repensar sua estratégia de código aberto”.
Os novos modelos da OpenAI, chamados “gpt-oss”, têm desempenho semelhante ao de alguns dos modelos fechados menores que alimentam o ChatGPT e foram “projetados para serem usados em fluxos de trabalho agentivos”, ou seja, operam de forma autônoma e foram treinados para processar consultas complexas passo a passo. Os desenvolvedores também poderão ajustar o nível de esforço que o modelo dedica ao “raciocínio”, em vez de priorizar respostas rápidas.
Embora os novos modelos sejam “open weight” e não “open source” (código aberto, que incluiria dados de treinamento e código-fonte completos), eles têm desempenho comparável ao de modelos abertos de ponta, inclusive os chineses. A OpenAI não informou como pretende monetizar esses produtos abertos.
“A missão da OpenAI é garantir que a [inteligência artificial geral] beneficie toda a humanidade”, disse Altman nesta terça. “Nesse sentido, estamos empolgados em ver o mundo construindo sobre uma pilha de IA aberta criada nos Estados Unidos, baseada em valores democráticos, disponível gratuitamente para todos e com benefícios amplos.”
O sucesso da DeepSeek e de outros sistemas de IA chineses, como o Qwen, da Alibaba, e o Kimi, da Moonshot, ajudou a China a ultrapassar o país norte-americano em tecnologia de IA de código aberto, impulsionando a demanda por parte dos desenvolvedores. Nos Estados Unidos, a rival Meta tem investido em modelos de pesos abertos, mas seu sistema mais recente ficou abaixo das expectativas.
O modelo maior do “gpt-oss” teve desempenho semelhante ao modelo fechado o4-mini da OpenAI, enquanto a versão menor apresentou resultados próximos ao o3-mini. Segundo a empresa, o modelo pequeno requer menos memória para funcionar, “sendo ideal para uso em dispositivos”, como celulares e laptops.
Modelos com pesos abertos são vistos como mais arriscados do que os sistemas fechados, pois podem ser customizados livremente e não podem ser facilmente retirados de circulação se apresentarem falhas.
A OpenAI adiou o lançamento desses modelos duas vezes —eles estavam inicialmente previstos para junho. Em julho, Altman afirmou que a empresa precisava de mais tempo para “realizar testes de segurança adicionais”.
Nesta terça, a OpenAI detalhou como criou versões deliberadamente maliciosas dos modelos, simulando possíveis usos por agentes mal-intencionados. Esses modelos foram testados para identificar vulnerabilidades, como a capacidade de projetar armas biológicas ou criar novos vírus.
Segundo a empresa, os modelos maliciosos “não atingiram níveis elevados de capacidade” nos testes internos e foram avaliados por três grupos independentes de especialistas, que recomendaram melhorias para os processos de teste.
O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, há muito é um defensor da IA aberta. No entanto, em um memorando divulgado na semana passada, ele afirmou que a nova iniciativa da Meta para desenvolver “sistemas superinteligentes” —que superem a inteligência humana— “trará preocupações inéditas de segurança”. E acrescentou: “Teremos que ser rigorosos na mitigação desses riscos e cuidadosos ao decidir o que tornar código aberto”.