A bancada ruralista cancelou a reunião que faria nesta terça (5) sobre o tarifaço do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, contra o Brasil para priorizar protestos contra a prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
As sobretaxas entrarão em vigor nesta quarta-feira e vão afetar produtos do agro, como café, carnes e pescado, e esses setores têm pedido socorro as autoridades em Brasília para sobreviverem ao impacto das medidas do governo americano.
Uma reunião no almoço desta terça estava marcada para que a bancada debatesse o assunto, após duas semanas de recesso parlamentar. Integrantes do grupo esperavam que a estratégia de ação fosse traçada ali, com eventuais reações à taxação e cobranças ao governo Lula (PT) por medidas para os setores atingidos.
Com a prisão de Bolsonaro, decretada na noite de segunda (4) pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), a cúpula da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) reavaliou o encontro e resolveu cancelar a reunião, segundo duas fontes. O argumento é de que o ambiente político do Congresso estaria estressado e que o Legislativo ficaria paralisado com os protestos.
A assessoria da bancada negou que o cancelamento tenha ocorrido para priorizar as manifestações a favor do ex-presidente e afirmou que a reunião não ocorreu por falta de quórum. “Os parlamentares tinham agenda na Câmara e não poderiam comparecer”, informou, em nota.
A oposição fez uma coletiva de imprensa e protesto em frente ao Congresso na manhã desta terça para cobrar anistia para Bolsonaro e a revogação da prisão do ex-presidente. Grande parte da bancada ruralista participou desse protesto.
O presidente da FPA, deputado Pedro Lupion (PP-PR), foi um dos que esteve presente no ato. Ele tem defendido que o perdão ao ex-presidente entre no rol de assuntos negociados com os Estados Unidos, em troca da retirada da taxação.
O tarifaço de Trump contra o Brasil tem como objetivo anunciado a anulação do processo contra Bolsonaro, com seu filho, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), advogando a favor das sanções nos Estados Unidos. O presidente americano também questiona a relação do Brasil com Rússia e China e a regulação das big techs.
A CNA (Confederação Nacional da Agropecuária) estimou que a sobretaxa de 50% para os produtos brasileiros que entrarem nos Estados Unidos levaria o agronegócio a deixar de exportar US$ 5,8 bilhões. Alguns itens ficaram de fora, o que reduzirá este número, mas outros setores não escaparam e pedem medidas para ajudar a sobrevivência das empresas.
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