St. Augustine (Flórida)
Cidade mais antiga dos Estados Unidos, St. Augustine traz em seu DNA os genes de seus fundadores espanhóis, que estabeleceram o povoado no litoral norte da Flórida em 1565. Com arquitetura colonial espanhola, ruas sem carros na cidade antiga e longas praias de areia fina e branca, St. Augustine possui diversas atrações que remetem ao período em que piratas infestavam o Caribe e região.
Uma das mais famosas é a fonte da juventude. De acordo com as lendas, o espanhol Ponce de León descobriu a Flórida em 1513, ao procurar por essas águas mágicas. Mas trata-se de invenção. De León nunca buscou tal fonte, mas ele de fato nomeou a região como “La Florida” e desembarcou em St. Augustine, onde hoje está o Parque Arqueológico Fonte da Juventude Ponce de León (tíquetes a partir de US$ 21,55, ou R$ 118).
Ali, em meio a pavões criadas soltos, funcionários vestidos como piratas demonstram funcionamento de armas antigas, ensinam sobre construção de barcos da época e o visitante pode beber a água da juventude da fonte “legítima”. O gosto é meio clorado.
Na cidade, há também museus piratas, escape rooms com essa temática e fortes, como o Castillo de San Marcos, que também funciona como museu (US$ 15 ou R$ 82). O local foi concluído em 1695, após piratas saquearem a cidade e matarem 60 colonos. No século 18, resistiu a cercos de até 51 dias.
A pedra utilizada para erguer as paredes do forte —e das casas na região central— foi a coquina, uma rocha sedimentar composta quase inteiramente por fragmentos de conchas. Devido aos espaços entre as conchas esmagadas, a pedra possui microbolsões de ar que funcionam como um colchão de molas.
Quando atingida por uma bala de canhão, a parede afunda algo como 5 centímetros e para, enquanto a bala escorre para o chão. Foi uma excelente descoberta para os espanhóis do século 17.
O período colonial espanhol na Flórida foi até 1763, quando a região foi cedida ao Reino Unido devido a um acordo pós-guerra entre as nações europeias. Novo acordo 21 anos depois devolveu o território à Espanha por mais 37 anos. Até que, em 1821, os Estados Unidos compraram a Flórida em troca de uma dívida de US$ 5 milhões (US$ 140 milhões em valor atualizado) da Espanha.
Após virar norte-americana, St . Augustine se tornou um point de inverno para as famílias mais ricas da costa leste, que queriam fugir da neve do norte. Henry Flager, um dos fundadores da Standard Oil e sócio de John Rockfeller, abriu estradas de ferro por todo o estado e construiu dois enormes hotéis de luxo para a turma da “gilded age” ou idade dourada (há uma série com esse nome e sobre eles na Max).
Essa belle époque americana aconteceu ente 1870 e 1900, quando uma nova leva de bilionários despontou de indústrias embaladas por mudanças tecnológicas, como aço, petróleo e ferrovias. Flager construiu o Ponce de León (hoje Flagger College) e o Alcazar (hoje Lightner Museum).
Os hotéis mal aceitavam hóspedes de uma noite, mas trabalhavam com a mudança das famílias por toda a temporada de inverno. Possuíam avançados tipos de banhos para curar as mais diversas moléstias e piscinas internas gigantescas. Tinham até energia elétrica —e camareiros apenas para acender e apagar as luzes dos quartos, uma novidade da qual as pessoas ainda tinha medo.
O Lightner Museum exibe diversas coleções dos hobbies de seu fundador, Otto Lightner, além de exibições periódicas, como uma sobre os móveis da gilded age, em cartaz no segundo semestre de 2024. O local, porém, manteve muito da estrutura e das amenidades do Alcazar, e hoje exibe fotos e a história do antigo hotel. Pode ser visitado por US$ 19, ou R$ 10
O jornalista viajou a convite do St. Augustine, Ponte Vedra & The Beaches Visitors and Convention Bureau