Um dia após o fim do motim bolsonarista no plenário da Câmara dos Deputados, o líder da bancada do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ), pediu nesta quinta-feira (7) perdão ao presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), em discurso na tribuna.
Ao mesmo tempo em que reforçou os ataques ao STF (Supremo Tribunal Federal), dizendo que há ministros da corte que chantageiam parlamentares, Sóstenes afirmou que pode não ter sido correto com Motta durante o clima atribulado da véspera
“Ontem, com o acirrar dos ânimos, se eu, com vossa excelência, não fui correto, te peço perdão da tribuna da Câmara. Não fui correto no privado, mas faço questão de vir em público te pedir perdão”, discursou o parlamentar.
Motta acompanhava o discurso olhando para Sóstenes e apenas fez gesto de aquiescência com a cabeça.
No dia anterior, Motta conseguiu voltar à mesa da presidência da Câmara às 22h21 após uma longa negociação com a oposição mediada por seu antecessor, Arthur Lira (PP-AL).
Motta saiu de seu gabinete, que fica ao lado do plenário, e demorou mais de seis minutos para atravessar o mar de deputados bolsonaristas que ocupavam a Mesa da Câmara desde terça-feira (5) em protesto contra a decretação da prisão domiciliar do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Ele chegou a dizer que voltaria ao gabinete após chegar perto da cadeira e ela não ser cedida pelo deputado Marcel van Hattem (RS), líder do Novo. Depois de muita conversa e empurra-empurra, ele foi praticamente arrastado de volta para a cadeira pelo deputado Isnaldo Bulhões Jr. (AL), líder da bancada do MDB, entre outros, e abriu a sessão plenária.
O acordo firmado entre centrão e o PL que pôs fim ao protesto prevê a votação de projeto de blindagem aos parlamentares contra processos judiciais, além de discussão de alguma proposta de anistia ao 8 de janeiro de 2023.
Em resposta ao discurso de Sóstenes, o líder do PT, Lindbergh Farias (RJ), cobrou nesta quinta punição aos bolsonaristas que impediram o plenário do funcionar por 30 horas, afirmando que agora não “adianta falar manso”.
Motta ameaçou na véspera propor a suspensão do mandato de bolsonaristas que participaram do protesto. Ao chegar à Câmara, nesta quinta, ele disse que anunciaria uma decisão sobre esse tema até o fim do dia. Aliados dizem que ele está bastante incomodado e decidido a punir alguns dos manifestantes.
Um dos que discursaram também em aceno a Motta foi Hattem, que na véspera chegou a se recusar por alguns minutos a se levantar da cadeira de Motta.
“A nossa batalha, Hugo Motta, nunca foi contra vossa excelência. […] Tudo que nós tratamos ontem foi no sentido de que vossa excelência pudesse voltar a presidir essa Casa para que pautássemos o fim do foro privilegiado e a anistia”, discursou.
A sessão desta quinta foi tranquila. A Câmara aprovou em consenso uma medida provisória que cria um programa para acelerar a revisão de benefícios do INSS.
O Programa de Gerenciamento de Benefícios (PGB) para o INSS e a Perícia Médica Federal tem o objetivo de agilizar o escrutínio de benefícios previdenciários e assistenciais para reduzir pagamentos indevidos. Para isso, o programa estabelece pagamentos extras aos servidores.